sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O capiau e o caixão...rss


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Escrito por Rolando Boldrin

“Óia. Pode subi, mas num liga praquele lá de riba, não.”

Um caminhão velho, desses de carregar tranqueira, foi buscar na cidade um caixão de defunto pra ser usado por um dito-cujo que tinha falecido lá naquelas redondezas.

Lá vinha o caminhão com o caixão (sem o defunto, que ainda estava na casa de moradia). Eis que, ao passar por um capiau, o motorista foi interpelado, na tenativa do referido capiau cavar com isso uma bêra, que naquelas bandas é pegar uma carona.

Capiau – Ô, moço! Será que o sinhô pode me dar uma bêra até o Lageado?

Motorista – Pode trepá lá em cima, coió. E óia: lá na carroceria tem um caixão de defunto, mas não se preocupe porque ele tá vazio.

Capiau (trepando) – Brigado, moço.

De repente, começa a chuviscar. O tal capiau tinha tomado remédio quente e não podia levar aquele chuvisqueiro na cachola. Abriu a tampa do caixão de defunto vazio e se agasalhou lá dentro, de um jeito até que bem gostoso. Fechou o caixão com a tampa, sem medo de nada.

Acontece que, conforme o caminhão passava na estrada, outros capiaus também pediam bêra, chegando a juntar uns 20 no caminhão. Achavam naturalmente que ali tinha um defunto fresco, pois o motorista ia sempre avisando: “Óia. Pode subi, mas num liga praquele lá de riba, não.”

Eis que a chuva deu uma parada boa. Nessa hora, o capiau que ia dentro do tal caixão abriu num impacto a tampa e, sentando-se num gesto brusco, perguntou a todos:

Capiau – Cumé, moçada? Já parô de chovê? Nem é preciso dizer o que aconteceu. Foi capiau pra tudo quanto é lado, mesmo com o caminhão em movimento.
Fonte: www.almanaquebrasil.com.br

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