domingo, 18 de maio de 2014

Será que a democracia está ameaçada em Quixadá? Dois lados da questão

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O vereador Laércio Oliveira revelou à sociedade quixadaense que está recebendo ameaças de morte por conta de seu trabalho como parlamentar. Ele preside a CPI da Saúde, instaurada recentemente para investigar possíveis irregularidades na administração da pasta mais problemática da atual gestão.
Ameaçar um parlamentar de morte é assunto muito grave. Ainda mais se a ameaça existir em decorrência do uso legítimo que o vereador faz de suas atribuições constitucionais.
Ameaças de morte tendem a provocar no ameaçado intensa desestabilização emocional, ansiedade e medo. Quando o alvo é integrante de um parlamento ou, especificamente, de uma CPI, o resultado é que suas ações podem se tornar dirigidas, não pela obrigação de cumprir o dever, mas pelo medo de ser executado ou de ver sua própria família em perigo.
Em maior escala, os efeitos práticos da “política” feita à base da bala, supostamente superada nos sertões nordestinos, é a fragilização da democracia. Na verdade, quando membros de um parlamento trabalham sob o efeito de ameaças de morte, a democracia é obliterada, deixa de existir. Os interesses públicos são jogados para escanteio e a máquina pública passa a funcionar sob o chicote do terror. Mas este é só um dos lados da questão.
Qual é o outro lado?
Não se pode conceber que um assunto de tamanha gravidade, tal como é este possível atentado à democracia, seja tratado apenas com discursos em plenário. Vale lembrar que o vereador que se diz ameaçado de morte é membro de uma CPI destinada a investigar irregularidades da própria gestão que apoia. Para dar maior credibilidade à sua denúncia, portanto, precisa fazer mais do que já fez, sob pena de esta conversa toda sobre ameaças ser tratada como simples manobra de induzimento à piedade popular. Como assim?
A CPI da Saúde ainda experimenta forte desconfiança da população. Com o presidente e a relatora sendo membros da gestão investigada, representando dois terços da composição, as pessoas acham difícil acreditar que o resultado será outro que não a velha conhecida dos brasileiros: a pizza. Apesar da delicadeza da situação, a pergunta deselegante precisa ser feita: seria esta conversa de ameaça apenas uma tentativa de induzir a população a ter piedade dos parlamentares caso eles apresentem um resultado fraco ao final das investigações? Dizer que está tudo bem com a questão dos serviços de saúde em Quixadá não será possível. Se alguém tem a pretensão de pregar essa ideia, meter-se numa CPI para investigar o assunto equivale a se colocar numa sinuca de bico, como se costuma dizer.
Desta forma, seria de esperar que os vereadores que porventura recebam ameaças tomem ações concretas no sentido de tratar a questão com a seriedade que ela merece, afinal, as instituições de defesa da sociedade, tal como a Câmara de Vereadores, não podem ficar reféns de interesses criminosos. Como postado pelo radialista Herley Nunes nas redes sociais, ou como comentado mais cedo pelo radialista Jotha Willame em seu programa, seria interessante que ao menos um Boletim de Ocorrência fosse apresentado, ou que a ajuda do Ministério Público fosse procurada.
Aliás, não seria o caso do presidente da Câmara, Pedro Baquit, buscar meios de proteger a atuação dos membros do legislativo diante de tão grave crise de segurança? Nunca se viu tal situação em Quixadá.
Caso a conversa em torno de ameaças de morte e apeamento da democracia permaneça apenas em discursos inflamados de plenário, a interpretação fácil de dar ao caso é que pode tratar-se, tão somente, de induzimento à piedade popular diante da futura entrega de uma pizza já pronta. Este é o outro lado da questão.
Fonte:Monólitos Post

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