PROCURA-SE O AMOR
Bruna Borges Costa
Integrante da Academia quixadaense de Letras, cadeira n° 1, patronesse Rachel de Queiroz
Não me recordo onde, mas em algum lugar
eu li a seguinte frase: “O amor verdadeiro é como fantasma, todos falam sobre
ele, mas poucos o sentem verdadeiramente”. Concordo plenamente com isso. Saem
vulgarizando esse sentimento tão bonito, falando “eu te amo” aos quatro cantos
da terra e, às vezes, iludindo alguém.
Mas, as pessoas não se deixam mais
enganar pela frase já citada. Acostumados a palavras vazias e sem sentimento,
já sabem que tal afirmação é mais uma das coisas “bonitinhas” de se dizer, mas
que quase nunca é verdade.
Hoje, saí com meu
pai para uns afazeres. Não gosto muito de sair de casa pela manhã, sempre
preferi à noite. O fato é que tive que sair durante a manhã e a pé. Não era o
que eu poderia chamar de passeio empolgante. Terminada a minha tarefa, meu pai
se dirigiu a um senhor e fiquei observando o local, até que passei a examinar o
amigo de meu pai e um detalhe me chamou a atenção: ele usava duas alianças.
A conversa continuou e
chegou ao ponto em que esse senhor começou a relembrar a sua falecida esposa.
Falava dela com orgulho e com uma visível saudade nos olhos, sendo perceptível
que a lembrança dela lhe fazia doer o coração.
Em dado momento, ele disse: “Dizem que
quando as pessoas se casam ficam juntas até que a morte as separe, mas a morte
não nos separou, ela continua sendo a minha esposa”. Ergueu a mão, onde se
encontravam, em um dos dedos, as duas alianças. Ele a amava e continuava
amando.
Não há coisa mais bonita e mais triste
do que duas almas que se amam serem separadas pela morte e deixar para a que
ficou apenas recordações e saudades. Meus olhos, que antes eram desatentos,
passeando pelo local, estavam fixos nos olhos dele quando disse que chorava
todo dia a falta de sua amada esposa.
Meu pai, percebendo a
emoção do amigo, foi se despedindo e eu fui junto. Na volta para casa foi falando
sobre várias coisas, mas eu não escutei uma palavra. “Ela ainda é minha
esposa!” – isso não saía da minha cabeça. Aquilo, sim, era um amor de verdade,
e era lindo, mas ao mesmo tempo parecia tão distante de mim.
Estaria mentindo se
dissesse que, enquanto estava escrevendo essa crônica, não senti vontade de
chorar. Fiquei me perguntando o que era aquilo que deixou meu
coração tão frágil e tocado? Era AMOR, mas não era o meu. Por isso estou até me
questionando em colocar um anúncio no jornal “PROCURA-SE O AMOR.”
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