sábado, 27 de abril de 2013

PRODUTO DO MEIO



Eu era uma ilha,
Em meio a tanta gente.
Eu era descrente.
... Era andarilha.
Eu era sozinha, solitária,
Em meio à multidão hostil.
Eu era vizinha imaginária.
Eu ficava invisível;
Eu era sutil.
Em meio àquela gente desprezível,
Eu fingia o tempo inteiro.
Eu era um lobo em pele de cordeiro.
Eu era sapo de cócoras com eles.
Eu usava as mesmas astúcias.
Eu fingia ser um deles,
Para fugir de suas argúcias.
Eu era um estranho no ninho.
Era um macaco sem galho.
Eu fingia direitinho
Ser a gata no borralho,
Mas eu queria a carruagem.
Eu era a própria imagem
Daquela gente.
Estava contaminada, doente...
Eu não era mais eu.
Eu era um deles, simplesmente.
Fazia parte do processo.
Eu era um ser humano
Em retrocesso.
Um ser social.
Eu era normal.
Eu pertencia àquele seio.
Eu era produto do meio.
Eu era um ser capital,
Usando o meu lado racional.
       Suely Andrade

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