Retalhos de Quixadá
Conhecendo a História de Quixadá
terça-feira, 18 de junho de 2013
BB DE QUIXADÁ COMEMORA 70 ANOS EM GRANDE ESTILO
A AGÊNCIA DO BANCO DO BRASIL DE QUIXADÁ DEU EXEMPLO PROFÍCUO DE COMO SE FAZ DESENVOLVER UMA REGIÃO.
João Eudes Costa
Alegra-nos o interesse que a juventude quixadaense está demonstrando pela história de Quixadá. Se isto tivesse acontecido antes, não teriam destruído grande parte de nosso patrimônio histórico, nem esquecidas personalidades que, com abnegação, desvelo e coragem, contribuíram para o nosso desenvolvimento cultural, econômico e social, mesmo assim tiveram seus nomes retirados de nossas ruas e praças.
Essa consciência do valor de nossa história fez com que o aniversário de instalação da Agência do Banco do Brasil fosse comemorado, festivamente, pela sociedade quixadaense. Na realidade, a presença do Banco do Brasil, em Quixadá foi de primordial importância para o desenvolvimento da região do Sertão Central, constituindo-se em fator decisivo no crescimento da economia e sustentáculo de nosso equilíbrio social.
A tímida subagência, instalada em 15 de junho de 1943, pelos desbravadores José Aurélio Mota e Raimundo Silva, logo conquistou o perfil de agência autônoma, percorrendo uma trilha de sucessos, num padrão de trabalho com dignidade, responsabilidade e objetividade.
Foi nesta agência que o amparo ao pequeno produtor rural saiu da burocracia do gabinete para a prática, numa iniciativa pioneira no Brasil. Em 1936 foi criada a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (CREAI). Instituindo-se a sistemática do crédito, direcionado ao setor primário, que dava os primeiros passos, acanhados, mas importantes, porque não se consegue chegar ao triunfo sem iniciar a caminhada.
Esta Agência foi quem alargou a estrada, marcando novos rumos, através do Sr. Nemézio Bezerra Filho, gerente, que deu dinamismo à Carteira Agrícola, retirando as amarras burocráticas que impediam a sua ação benéfica em prol do crescimento de nossa economia, que tinha como base a agropecuária.
As exigências formais impediam que o crédito chegasse ao roçado dos agricultores. Para os grandes produtores o acesso era difícil e os pequenos produtores formavam um numeroso exército dos excluídos dos benefícios do crédito rural.
Nemézio Bezerra, homem de extraordinária visão, com dinamismo e coragem não se intimidou diante da adversidade. Sonhava com um Banco do Brasil marchando na vanguarda do desenvolvimento econômico da região, ao mesmo tempo, executando um eficiente programa social. Não admitia o trabalhador do campo, que se dedicava à árdua tarefa do amanho da terra, ficar impedido de conseguir financiamento para o custeio de seus campos de culturas.
Como esperar o desenvolvimento de um município, cujo potencial maior era agropecuária, sem que os trabalhadores do setor tivessem apoio de quem tinha planos, obrigação e condições de ajudá-los em suas atividades produtivas?
A partir de 1951, Nemézio Bezerra hasteou, nesta Agência, a bandeira do desenvolvimento. Com o risco de seu próprio futuro profissional, resolveu marchar à frente dos pequenos produtores, numa cruzada que desbravava caminhos, mostrando novos rumos para o crescimento de nossa economia.
Foi esta Agência pioneira no Brasil, no amparo àqueles que as exigências das normas existentes deixavam alijados do beneficio. Assim, nada menos de 660 rendeiros dos açudes do Cedro e do Choró adentraram, nesta agência, para contratarem suas operações rurais. Nemézio foi punido administrativamente pela arrojada iniciativa, sob o argumento de que estava pondo em risco o capital do Banco. A essa acusação respondeu com números estatísticos, mostrando o equívoco e provando a sua injusta punição. Nenhuma operação contratada foi transferida para prejuízo e passamos de mero plantador de algodão ao maior produtor do Estado, tendo entre nossos mutuários o maior produtor do Ceará, com 22.000 arrobas, ou seja, 330.000 mil quilos de algodão.
A semente plantada por Nemézio, com suor e sacrifício, foi muito bem regada por José Osmar Nobre, Ubiratan Coelho,José Moreira, Dário Cidade e outros gerentes que os sucederam, fazendo com que nossa Agência chegasse a contratar 7.000 operações rurais. Os 3.000 financiamentos de custeio geravam nada menos de 18.000 empregos diretos, além de fazer funcionar seis indústrias de beneficiamento de algodão, que empregavam centenas de operários. O comércio, também assistido, tinha excepcional movimento, sendo fonte de emprego para centenas de jovens. Os prestadores de serviços, nas mais diversas atividades também tinham trabalho garantido.
Além desse impulso à economia do município, o Banco do Brasil assegurava a permanência do homem no campo, evitando o desastroso efeito do êxodo rural. A mão de obra excedente na cidade era aproveitada no sertão, especialmente na época da colheita, quando os trabalhadores da cidade prestavam serviço no campo.
Esta Agência não se preocupou somente com a concessão do crédito. Lutou e sugeriu o fortalecimento de um programa de cooperativismo, que se encarregasse da comercialização, onde eram estrangulados todos os esforços dos que se empenhavam com a melhoria de condições do setor primário. Esta Agência fez sugestões ao Congresso Nacional, no sentido de mudar a sistemática da política dos preços mínimos, cujo decreto federal autorizava ao Banco do Brasil, apenas a receber o algodão em pluma dos industriais, ao invés do produto diretamente da mão do produtor.
Fala-se que o Banco do Brasil sustentou aquele desenvolvimento graças aos subsídios nos juros oferecidos pelo Governo Federal. Realmente esse benefício existia, mas o valor investido pelo Governo voltava em forma de impostos para os cofres do poder público e redundava em geração de trabalho.
Diferente de hoje que o homem do campo, longe da roça, recebe esmolas, que “O MATA DE VERGONHA OU VICIA O CIDADÃO” conforme denunciou LUIZ GONZAGA. A falta de trabalho está levando jovens à prostituição e se constituindo em fonte geradora de violência.
Quando esta Agência comemora seus setenta anos de existência surge um clarão que poderá ser uma luz, mostrando um novo caminhar. Para tanto, dispõe de gerentes nas diversas áreas e funcionários competentes, dedicados e com o firme propósito de melhor servir, recolocando nossa Agência como vanguardeira da nova fase de desenvolvimento dos municípios sob sua jurisdição.
Os gerentes das respectivas áreas visitam clientes tentando aproximá-los do Banco, ao invés de permanecerem no interior das Agências, transformando-as em local de cobranças judiciais, ou confessionários para ouvir clientes, especialmente agricultores aflitos inadimplentes, desesperados sem condições de solverem os compromissos vencidos.
Pretendem divulgar e executar programas de amparo ao agricultor e aos criadores, de modo especial aos pequenos produtores pois são estes os mais castigados e marginalizados, a exemplo do que acontecia quando esta Agência iniciou os suas atividades em Quixadá.
Justo, pois, a participação da sociedade quixadaense nos festejos comemorativos dos 70 anos de instalação de nossa Agência, que escreveu belíssimas e importantes páginas de nossa história. A alegria torna-se ainda maior em saber da decisão do novo Banco do Brasil em dinamizar o setor produtivo do município, dentro de uma programação perfeitamente exeqüível, uma vez que há em seu quadro funcionários categorizados, capazes de provar que o setor primário de Quixadá pode estar adormecido, mas continua vivo com um potencial capaz de revitalizar nossa economia.
Aqui, tomaram posse funcionários, que, conhecedores do glorioso histórico desta Agência, resolveram dar continuidade essa história. Luiz Oswaldo, por exemplo, em Quixadá, não foi apenas um funcionário executivo de serviços internos. Reviveu a tradição desta Agência, na prestação de serviços à comunidade, executando um extraordinário programa no setor de educação do município. Aquele modesto bancário, que conquistou o direito de ser quixadaense, foi o responsável direto pela instalação e funcionamento da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central FECLESC, que enormes benefícios presta, não só a Quixadá, mas a toda a região do Sertão Central cearense.
Eduardo Moraes de Oliveira também deu seus primeiros passos profissionais nesta Agência e chegou a assumir posto de direção em nosso querido Banco do Brasil. Na Direção Geral não se esqueceu do exemplo de
Nemézio
Bezerra Filho e tanto para Quixadá como para toda região nordestina conseguiu recursos para que os gerentes continuassem a missão do nosso Banco de intensificar o desenvolvimento do Brasil da sofrida região nordestina.
Outro quixadaense, Eduardo Costa Magalhães, que, por mérito, desempenhou importante função na superintendência regional do Banco do Brasil, também não se esqueceu de nossa Agência onde, quando criança, adentrava conduzindo pelas mãos de seu pai José Forte, como se aquele benfeitor de Quixadá, lhe mostrasse o caminho que deveria percorrer para ajudar no crescimento econômico e social de sua terra natal.
Parabéns a todos os colegas da Agência e aposentados, superintendência regional, administradores e ao quixadaense de um modo geral, pelo transcurso do aniversário de instalação desta Agência, que hoje faz parte de nossa gloriosa história e por cujo trabalho, com dedicação e desvelo em prol do nosso desenvolvimento, somos reconhecidos e gratos.
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