O Velho e o Rio
O velho e o rio
Da cadeira de balanço, no alpendre da casa-grande, o velho observa o sol que vem despertando na campina, depois de uma longa noite de chuva. Enquanto fuma um cigarro busca enxergar no horizonte ainda molhado, a transformação aguada da vida.
Então, lentamente e sem intenção, lhe invade os pensamentos, o rio de sua pueril infância. Não sabe bem por qual motivo, a águas daquele rio limpo lhe vem tomar novamente a cabeça agora. O rio tinha as águas claras, cristalinas, e lhe chega à memória como se fosse extraído de alguma espécie de baú aonde se encontravam guardados grandiosas travessuras, banhos e pescarias.
Lembra-se das inúmeras aventuras que viveu, nas travessias de canoa, quando ainda era menino e junto com os companheiros saia à busca da outra margem do rio, que naquele tempo, só era preciso chegar ao outro lado do rio para encontrar toda liberdade e sossego, e assim poder brincar longe da vigilância e dos perigos da rua. Lá do outro lado do rio existia um vasto mundo desconhecido e verde por ser desbravado. Uma mutuca lhe incomoda, com um zunido. E o desvia daquelas memórias. Enquanto solta a fumaça do cigarro, o velho verifica distante o possível estrago do enlameado no massapê da estrada, e não entende como mesmo depois de tanto tempo ainda carrega um rio na alma.
Bruno Paulino.
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