- O livro Marinheiras acaba de receber mais um comentário, dessa vez do Contista e Romancista cearense Carlos Vazconcelos:
Marinhagens de beira-rio
Lá nas Marinheiras e outras crônicas (Fortaleza: Imprece, 2012) é o primeiro livro de Bruno Paulino. Levado pelo vento aracati, Bruno Paulino flutua por Quixeramobim, sua aldeia-universo, e vai pescando imagens para humanizar o leitor. O título se inspira na canção do conterrâneo Fausto Nilo (Quando for de tardezinha/Minha companheira/Na beira do rio,/Lá nas marinheiras,/Meus olhos vazios/Vão te espiar) e o homenageia, fazendo menção também ao rio Quixeramobim, que deu nome àquela cidade.
O autor vai alinhavando imagens da memória (dele e dos outros) com referências históricas do município. Reencontra o avô, vai à casa de D. Carminha, relembra canções, recebe visitantes ilustres e poetas essenciais (Patativa, Drummond, Bandeira, Chico Buarque, Fausto Nilo, Gonzagão e Humberto Teixeira, Ariano Suassuna, Quintana, Quintino Cunha, Ets, Belchior, Padre Cícero) e, como não poderia deixar de ser, encontra também o grande Tédio, com T maiúsculo, esse incentivador das artes, esse disfarçado mecenas. Que o diga Drummond: “Eta vida besta, meu Deus!” Afinal, o que é a crônica senão esse narrar trivial, essa fingida despretensão repleta de subjetividade? Na crônica, o fato é apenas pré-texto, e Bruno sabe disso, pois é a partir das cores locais, do cotidiano, das acontecências aparentemente irrisórias que pinta seu painel humanitário, universalizante.
Bruno deixa claro, desde o início, que sua intenção é prestar mesmo tributo a sua terra, narrando-a. Suas marinhagens são de beira-rio, mas o rio despeja no mar. “Tem coisas que só acontecem nas cidades do interior, mas tem coisas que só acontecem em Quixeramobim (ou melhor, não acontecem)”. O não acontecer tem sido um ótimo assunto para a crônica, desde que tratado com artesania. Bruno desfia lirismo, humor, ironia, sensibilidade, crítica de costumes, tudo de maneira simples, coloquial, como deve fazer o bom cronista.
O escritor quixeramobinense está às voltas com o segundo livro de crônicas: A Menina da Chuva. Que venha logo, com as chuvas, pois o Ceará merece esse tempo fértil.
Por Carlos Vazconcelos escritor, autor de Mundo dos Vivos (contos) e Os Dias Roubados (Romance) vencedor de alguns prêmios literários: Prêmio Edital de Incentivo às Artes (2011) da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará; Clóvis Rolim de contos, da Academia Cearense de Letras (2006); IX Prêmio Cidade de Fortaleza-poesia (2000).
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Bruno Paulino continua fazendo sucesso com seu livro "Lá nas Marinheiras e outros contos", e o próximo já está a caminho.
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