Em 1964 quando os IPMs se instalaram no
Brasil para "investigar a subversão e a corrupção" as cadeias e os quartéis
transformados em masmorras encheram-se de patriotas.
Aqui em Fortaleza, "perigoso
subversivo" estava diante da Comissão de Inquérito sob a presidência de um major
que ficou famoso como peça da repressão naquele tempo. O tal major tinha uma
obsessão que era obrigar seus interrogados a se confessarem traidores.
Diante do preso o major perguntou:
- O senhor não se considera traidor
- Traidor de que?
- Da Pátria, da civilização ocidental e
cristã...
- Não,não me considero traidor.
- E das nossas tradições, dos nossos
costumes?
- Também não. Acho que sou um defensor
da nossa cultura e dos interesses nacionais.Luto pela verdadeira independência
nacional...
- Afinal, o senhor nunca traiu nada?
- As vezes...
- Afinal resolveu se confessar traidor,
não é?
- Se o senhor está se referindo a
traição conjugal...
A burguesia tem seus
encantos
"A burguesia tem seus encantos.." é uma
piada velha,repetida em várias versões entre o "comunal".
Uma delas é a que lhes vou contar
agora. Eu o Pio Freire Correia Lima, numa tarde saímos de Quixadá num jipe
emprestado pelo ex-Deputado José Crispim.
Luis Carlos Prestes chegaria à
Fortaleza e aquela era uma grande oportunidade de conhecermos o legendário
Cavalheiro da Esperança, de quem discordo hoje, mas a quem reconheço tratar-se
de personalidade ligada à História do nosso país, sobretudo a partir de 1924 aos
dias de hoje.
Ficamos no Escritório Eleitoral da
General Sampaio à espera, lembro-me muito bem, que um dos que esperavam era o
Caio Cid, que foi famoso cronista da imprensa cearense.
- Houve um problema e o Prestes não vem
mais... - anunciou alguém.
- Neste caso, vamos aproveitar e dar
umas voltinhas pela cidade- propôs Pio.
Logo saímos naquela de para aqui e para
acolá, na busca de alguma aventura. Terminamos por chegar ao famoso cabaré da
Margô, o mais refinado lugar de amor de Fortaeza de então.
A casa repleta de mulheres jovens e
perfumadas , envoltas em decotados vestidos de seda. Bebericamos e ficamos a
espera de uma oportunidade. Num dado momento uma mulherzinha bem bonita saltou
no pescoço do Pio que quase fica sufocado entre os roliços e perfumados braços.
Meu amigo ficou por uns instantes mergulhado em seios trepidantes. Quando pode
libertar-se do agradável abraço foi dizendo:
-E agora venham dizer que a burguesia
não tem lá os seus encantos!
(*) Luciano Barreira (Quixadá),
jornalista e escritor
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