segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O humor de Luciano Barreira

Se é traição conjugal...


Em 1964 quando os IPMs se instalaram no Brasil para "investigar a subversão e a corrupção" as cadeias e os quartéis transformados em masmorras encheram-se de patriotas.
Aqui em Fortaleza, "perigoso subversivo" estava diante da Comissão de Inquérito sob a presidência de um major que ficou famoso como peça da repressão naquele tempo. O tal major tinha uma obsessão que era obrigar seus interrogados a se confessarem traidores.
Diante do preso o major perguntou:
- O senhor não se considera traidor
- Traidor de que?
- Da Pátria, da civilização ocidental e cristã...
- Não,não me considero traidor.
- E das nossas tradições, dos nossos costumes?
- Também não. Acho que sou um defensor da nossa cultura e dos interesses nacionais.Luto pela verdadeira independência nacional...
- Afinal, o senhor nunca traiu nada?
- As vezes...
- Afinal resolveu se confessar traidor, não é?
- Se o senhor está se referindo a traição conjugal...

A burguesia tem seus encantos
"A burguesia tem seus encantos.." é uma piada velha,repetida em várias versões entre o "comunal".
Uma delas é a que lhes vou contar agora. Eu o Pio Freire Correia Lima, numa tarde saímos de Quixadá num jipe emprestado pelo ex-Deputado José Crispim.
Luis Carlos Prestes chegaria à Fortaleza e aquela era uma grande oportunidade de conhecermos o legendário Cavalheiro da Esperança, de quem discordo hoje, mas a quem reconheço tratar-se de personalidade ligada à História do nosso país, sobretudo a partir de 1924 aos dias de hoje.
Ficamos no Escritório Eleitoral da General Sampaio à espera, lembro-me muito bem, que um dos que esperavam era o Caio Cid, que foi famoso cronista da imprensa cearense.
- Houve um problema e o Prestes não vem mais... - anunciou alguém.
- Neste caso, vamos aproveitar e dar umas voltinhas pela cidade- propôs Pio.
Logo saímos naquela de para aqui e para acolá, na busca de alguma aventura. Terminamos por chegar ao famoso cabaré da Margô, o mais refinado lugar de amor de Fortaeza de então.
A casa repleta de mulheres jovens e perfumadas , envoltas em decotados vestidos de seda. Bebericamos e ficamos a espera de uma oportunidade. Num dado momento uma mulherzinha bem bonita saltou no pescoço do Pio que quase fica sufocado entre os roliços e perfumados braços. Meu amigo ficou por uns instantes mergulhado em seios trepidantes. Quando pode libertar-se do agradável abraço foi dizendo:
-E agora venham dizer que a burguesia não tem lá os seus encantos!

(*) Luciano Barreira (Quixadá), jornalista e escritor

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