A caridade é virtude que paga à vista,
pelo prazer que seu exercício nos proporciona. Quando convoco mulher, filha,
genro e neto para me acompanhar ao subúrbio remoto a fim de levar cesta básica à
ex-empregada doméstica enferma, quero que eles me achem generoso, benemérito,
solidário. Isto no âmbito familiar. Agora quando desejo que todo o mundo saiba
de alguma ação deste tipo, sabem o que faço? Condiciono o beneficio ao sigilo do
beneficiário e familiares, dos que intermediaram o pedido no sentido de que
garantam boca fechada e que, nem sob tortura, revelem quem foi o autor do gesto
Que jurem discrição por tudo quando é sagrado. O ideal é chamar os outros a um
canto discreto e impor que nunca digam o nosso nome benemérito. Neste caso, é
garantido. Tiro e queda. Ninguém resiste à vontade de revelar segredo tão
ciosamente pedido e quem dele sabe trata de passá-lo adiante o quanto antes. E o
caridoso, aquele que não queria, de modo algum soubessem de seu bem feito, ganha
duas vezes. É elogiado por sua dádiva E muito mais por sua modéstia. Hão de
dizer: Se ele faz isto em segredo, quantos outros atos iguais não está
praticando por ai sem que o saibamos?
Lustosa da
Costa
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