Um habbeas corpus escrito em um lençol por um
preso do Ceará foi entregue, na tarde desta terça feira (20), ao ouvidor do
Superior Tribunal de Justiça-STJ, ministro Humberto Martins. O inusitado
documento foi encaminhado pela ouvidora da OAB-CE, Wanha Rocha, depois de
apresentar a peça no Encontro Nacional de Ouvidorias, realizado nesta segunda
feira (19), em Brasília, numa parceria do CFOAB e do STJ.
O habeas corpus foi escrito e encaminhado à
ouvidora cearense pelo presidiário Hamurabi Simplicio Contri da Silva, que
cumpre na unidade 2 do Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira-IPPOO2, em
Itaitiga, na Região Metropolitana de Fortaleza. No documento, Silva alega que já
teria direito ao sistema de progressão do regime semi-aberto, e pede que o
benefício seja cumprido.
Segundo a Ouvidora OAB-CE, Wanha Rocha, o
encarcerado se valeu de “um direito que ultrapassa os limites da prisão”, sem
deixar de reparar a “mídia” utilizada. “Em pleno século XXI, voltamos à
pré-história, onde o preso usou uma espécie de pergaminho, uma forma arcaica de
comunicação, para expressar o seu direito, numa época que se vive a era da
tecnologia”, afirmou.
O presidente da OAB-CE, Valdetário Monteiro,
acredita que este é um entre muitos casos de presos do Ceará, que perdem o
benefício da lei, por falta de um defensor público para apresentar um habeas
corpus em hora, local e por meios adequados. “Ele procurou a OAB, porque ela
está presente, tem credibilidade e, em certos casos, até substitui o Ministério
Público”, comentou o presidente.
Segundo informou, no começo da noite, a
Assessoria de Comunicação do STJ, o habeas corpus-lençol começa a tramitar
amanhã, quando sua admissibilidade será analisada. Há dúvidas se o pedido deve
ser remetido ao Tribunal de Justiça do Ceará e se ele pode seguir tramitando em
tecido.
Blog do Roberto Moreira
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