Os Caps AD fazem mais de 2 mil atendimentos por mês. Segundo coordenadora, o crack é a pior substância, mas o álcool é mais consumido (Foto: Natinho Rodrigues/Diário do Nordeste)
Os números são apenas o reflexo do crescimento de dependentes de álcool e drogas no Estado. "O aumento mostra que não é só desempregado e morador de rua que está em conflito com as drogas. Muda até essa visão estigmatizada do dependente químico", aponta Gonçalo. O motivo que mais afasta é a associação de múltiplas drogas, seguido da dependência do álcool e cocaína, respectivamente. "Em 2014, já foram 430 afastamentos por múltiplas drogas, 131 por álcool e 70 por cocaína", ressalta.
Além da busca por auxílio-doença, há também a por tratamento. De acordo com dados da Coordenadoria Especial de Políticas sobre Drogas da Prefeitura de Fortaleza, os Centros de Ação Psicossociais Álcool e Drogas Caps AD) fazem mais de 2 mil atendimentos por mês. As vagas para internação subiram de 32 para 270 em Fortaleza e Região Metropolitana, divididas em unidades de acolhimento, dois Caps 24h, leitos de desintoxicação na Santa Casa e ONGs.
"Existem cerca de mais 500 vagas financiadas pelos governos federal e estadual e uma rede de tratamento com seis Caps AD, um Centro Integrado de Referência sobre Drogas e o Disque 0800", elenca Juliana Sena, coordenadora especial de Políticas sobre Drogas da Prefeitura.
Vínculos rompidos
Ela ressalta que o número de usuários que se afastam do trabalho é muito maior. "O crack é uma droga com um potencial muito forte. Quando um paciente chega até nós, já rompeu seus vínculos com o trabalho. Eles nem entram de licença. A maioria já abandona", esclarece.
Foi o caso de Airton Freitas, 29 anos. Em 2012, ele abandonou o emprego de motorista de caminhão em decorrência do vício de cocaína. "Eu tinha casa, mulher, emprego. Ganhava bem, e hoje não tenho mais nada disso. Usava droga todo dia e ficava acabado para o trabalho. Saí e gastei todo o dinheiro no vício", conta ele que, ontem, buscou pela primeira vez ajuda para o tratamento no Caps AD.
Na Fazenda da Esperança em Fortaleza, comunidade terapêutica que abriga jovens dependentes químicos, estão internadas 15 mulheres. Dessas, três recebem o auxílio-doença do INSS. O restante já tinha abandonado o emprego. "Há muita desistência por ser um tratamento difícil e longo. Geralmente, dura um ano", diz Adélia Costa, funcionária da instituição.
Juliana Sena explica que é a droga, mais precisamente o crack, a maior culpada pelas internações. Mas o álcool é a mais consumida e vem, muitas vezes, associada a outras substâncias. "Por ser uma droga lícita, o álcool tem o acesso mais fácil. E traz prejuízo de modo mais lento, o que dificulta que o usuário perceba o problema".
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), um grande desafio é a reinserção desses usuários no mercado de trabalho. Conforme o órgão, algumas ações estão sendo pensadas juntamente à Coordenadoria de Políticas sobre Drogas e outras secretarias.
Mais informações
Centro Integrado de Referência sobre Drogas
0800.032.1472
Fonte: Diário do Nordeste
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