LUCINHA, A ESTRELA GUIA.
João Eudes Costa
Parabéns para você,
LUCINHA, minha filha especial, que hoje comemora o seu trigésimo nono aniversário
natalício e ainda não deu uma passada sequer sobre a terra, nem pronunciou uma
única palavra para o mundo ouvir.
Nascida sem qualquer
condição visual, a ciência dos homens tentou faze-la enxergar, mas os caminhos aonde
você veio para palmilhar são guiados por seu espírito de luz.
Quem a vê assim,
nessa mudez eterna, nessa inércia que para muitos poderia ser motivo de
revolta, jamais pode saber o quanto foi importante o seu nascimento, o tanto
que tem de luz a sua vida, e como importante se torna a mensagem que Cristo
confia a cada um que põe sobre a terra.
Deus na sua
sapiência não se esquece de velar por este mundo cheio de angústia,
inquietação, ambição e desamor. O Senhor não nos despreza, por maiores que
sejam as nossas faltas, por mais injustos que sejamos com Ele. Sabe o que fazer
com os seus filhos, e a cada um confia uma missão importante, não interessando
a roupagem que proporciona ao mensageiro, pois a aparência física não retrata a
essência que a alma concentra.
O seu advento
LUCINHA gerou a mesma expectativa que qualquer criança causa ao ser anunciada o
seu nascimento. Quando você chegou que se identificou, confesso que houve uma
surpresa, para não dizer uma coletiva decepção para nós. A nossa vaidade
esperava mais uma criança bonita, para receber os elogios dos que vêem na
matéria, na aparência física, tudo de bom que a vida encerra. Tudo, porém, foi
diferente. Chegou você com a sua aparente fragilidade física, modesta sem
merecer elogios, com os olhos cerrados para o mundo, sem querer percorrer
caminhos e sem se interessar em ouvir, nem falar.
Acercando-se de
você, convivendo no seu mundo de reflexões, descobrimos toda a beleza da vida. Agora
já sabemos que o impacto que sentimos, à sua chegada, foi a primeira reação que
experimentamos, quando começamos a sentir ser rasgada a máscara de nossa
prepotência, da vaidade, de nosso orgulho e da falta de solidariedade humana.
Hoje sabemos o tanto que vivíamos mergulhados na profundidade das fúteis
ilusões. Descobrimos o nada que a nossa existência representava para o
bem-estar dos que rastejavam em torno de nossa aparente felicidade.
Conscientizamo-nos que nenhuma parcela tinha sido dada por nós, para que
houvesse mais tranqüilidade, e paz social.
Se os seus olhos não
quiseram enxergar o mundo, é porque a sua alma tinha a força necessária para
descobrir tudo que nós no total de nossa capacidade visual, não éramos capazes
de vislumbrar. Se as suas pernas não quiseram caminhar, é porque a estrada por
onde você iria passar não necessitava de longas jornadas, e você sabia que a
felicidade está bem pertinho de cada um, desde que tenhamos a necessária
humildade para procurar perfume nas singelas flores silvestres que pisamos em
nossas andanças em busca da ambição. Se a sua voz ainda não se fez ouvir, é
porque você sente que o amor desconhece idioma, e nenhuma palavra tem maior
força do que um olhar de piedade, de solidariedade e de compreensão.
Tudo isto, LUCINHA,
aprendemos com você. Somos gratos pela dádiva que Deus nos ofertou, pondo, ao nosso
lado, uma luz de tanto esplendor. Com os defeitos que possuímos. Com a maldade
que conduzimos arraigada ao mais elementar princípio de egoísmo, não tínhamos
como merecer tanto privilégio. A sua chegada representou uma bendita luz, que
iluminou caminhos diferentes, dando acesso a um mundo que há bem pouco estava
imerso na escuridão de nossas vaidades pessoais.
Não a queremos por
piedade, nem esconder em nosso conforto as frustrações de uma revolta. Hoje não
entenderíamos nossa vida, sem a sua presença. Não nos seria mais confortante
viver, se as nossas mãos não servissem de apoio a alguém. De nada nos
interessaria poder andar, se não fosse à busca do amor fraternal. Nossos olhos
de nada valeriam se não enxergassem a bela estrada, por onde devem caminhar
aqueles que aprenderam a renunciar em benefício do bem-estar do próximo.
Para os que não
tiveram o privilégio de possuí-la, você pode parecer uma pesada cruz. Para nós,
porém, que tivemos a suprema glória de sua companhia, chegamos a ter pena de
você não pela sua aparente fragilidade física, mas pela pesada incumbência que
teve aqui na terra. Você foi o nosso Simão Cirineu que veio para nos ajudar a
levar o pesado madeiro, que nossa maldade fez por merecer.
Hoje, no seu
aniversário, para nós, é um dia de festa. Uma festa diferente, onde não há
músicas especiais, comidas extras, nem a variedade de ricos presentes,
ornamentando uma cama ricamente postada. Comemoramos a sua festa natalina com a
simplicidade que você representa, mas com a sinceridade de um amor que não
morre, porque foi uma bendita dádiva que você nos ofertou.
Obrigado LUCINHA
você é a nossa fonte de forças e a nossa maior esperança de um encontro com a
felicidade plena, chegando à presença de Deus, levados por suas mãos,
conduzidos pelas suas pernas, quando então agradeceremos ao Criador pela
luminosidade que pôs em nossos caminhos e você será abraçada, carinhosamente,
por Jesus pela brilhante missão que cumpriu na terra.
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