EU SOU O CEGO ADERALDO
Sou filho do Crato e meus pais Joaquim Rufino de Araújo e Maria Olimpia de Araújo. Quando tinha pouco mais de dois anos, perdi meu pai. Com 5 anos de idade comecei a trabalhar. Tentei tudo na vida para poder socorrer minha família.No dia 25 de março de 1896 aconteceu a desgraça que me tirou a luz do mundo. Através de um sonho, tive a revelação divina de ser cantador para poder sobreviver, e saía pela redondeza a cantar. Um dia, ao chegar em casa, carregado de prendas,encontrei minha mãezinha morta e criei uma poesia dedicada a ela, "As três lágrimas"
AS TRÊS LÁGRIMAS
Eu ainda era pequeno
Mas me lembro muito bem
De ver minha pobre mãe
Em negra viuvez.
Meu pai jazia morto
Estendido em um caixão
E aí chorei então
Pela primeira vez!
E a pobre minha mãe
Daquilo estremeceu:
De uma moléstia forte
A minha mãe morreu.
Fiquei coberto de luto
E tudo se desfez
E eu chorei então
Pela segunda vez.
Então, o Deus da Glória,
o mais sublime artista
Decretou lá do céu
Perdi a minha vista.
Fiquei na escuridão,
Ceguei com rapidez
E eu chorei então
Pela terceira vez.
Meus prantos se enxugaram
Das lágrimas que corriam
Chegou-me a poesia
E eu me consolei.
Sem pai, sem mãe, sem vista,
Meus olhos se apagaram
Tristonhos se fecharam
E eu nunca mais chorei
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita, indique aos amigos.