Sou aquela pessoa típica de cidade do interior, que gosta de sentar na calçada e ficar observando o vai e vem das pesssoas, de se reunir com amigos e ficar jogando conversa fora até a hora de ir dormir. Mas, com o progresso, as pessoas aos poucos estão modificando nossos hábitos. Agora já não podemos sentar na calçada, as portas e janelas estão ficando aos poucos todas gradeadas, como se você tivesse cometido um crime e fosse obrigada a ficar na prisão. Por causa dessa mudança de hábito, acostumei-me a ficar debruçada na janela de minha casa, contemplando a beleza infinita do firmamento, o brilho especial da lua que parece acompanhar à distância a nossa solidão. Sim, somos solitários no meio da multidão que passa apressada, sem tempo sequer de olhar para o lado, sem o anseio de estender a mão àquele que se encontra estendido e sem o desejo de dirigir uma palavra amiga`aquela observadora silenciosa da noite. Todos alegam que não podem parar por falta de tempo, e nesse corre-corre não se preocupam em preparar sua bagagem espiritual para quando chegar a hora de sua partida, já que nossa vida aqui é transitória. Sou daquelas que acredita que não sendo possível fazer o bem, pelo menos não procuremos fazer o mal e que a gente semeia o que quer, mas tem que colher o que planta. Vejo tanta gente que passa pela minha janela, de semblante entristecido, cabisbaixo, aparentemente sem nenhuma vontade de ir à luta e intimamente me pergunto se é justa essa desigualdade social, esses excessos na mesa de uns e a precariedade na mesa de outros e prefiro acreditar que um mundo melhor virá para todos desde que tenhamos consciência que podemos fazer alguma coisa por alguém, e se todos juntos tivéssemos esse pensamento, o mundo já começaria a mudar . Olhe você também pela sua janela da caridade, da fraternidade e do amor.
Ângela Borges
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita, indique aos amigos.