domingo, 28 de abril de 2013

"AGORA É TARDE. INÊS É MORTA"





  Agora é tarde. Inês é morta”                                         

No Brasil ainda é corrente o aforismo: Agora é tarde. Inês é morta, veiculado pelos portugueses no Brasil Colonial. Esse dito tem origem no Portugal do século XIV, ou seja, há mais de 700 anos. Decorre de um acontecimento protagonizado pelo Rei D. Pedro I. O Infante Pedro, herdeiro do trono de seu pai Rei Afonso IV (1325/1357), se casou, em 1334, com Constança Manuel, da realeza de Castela (Espanha). Quando Constança foi residir em Lisboa levou consigo Inês de Castro, jovem elegante e bonita, por quem o Príncipe Pedro ficou apaixonadíssimo. Inês correspondeu à corte do Príncipe, cujo romance “era muito comentado e mal aceito, tanto pela corte como pelo povo, em geral”. Constança morreu em 1345 e D. Pedro: “contra a vontade do pai, passou a viver com Inês de Castro, o que provocou escândalo na Corte, provocando uma grande desavença entre o Rei e o Infante, seu filho”. Afonso IV, por não querer que Inês, amante de Pedro fosse rainha portuguesa, tentou casá-lo com uma jovem mulher de sua Corte. Pedro rejeitou esse casamento real. Viúvo de Constança, vivia, em Coimbra, com Inês de Castro com quem se casara secretamente. Com ela teve filhos: Afonso, em 1346, morreu ainda criança; Beatriz, em 1347; João, em 1349; Dinis, em 1354.
Doente, sentindo que seu reinado aproximava-se do fim, o Rei Afonso IV: “em 7 de janeiro de 1355, decidiu que a melhor solução para a Coroa portuguesa seria eliminar a espanhola Inês de Castro. Aproveitando a ausência de D. Pedro numa excursão de caça, foi para Coimbra com Pero Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco para ali executarem Inês de Castro”.  Mataram-na e seu corpo foi sepultado em Alcobaça. O Rei Afonso IV morreu em 1357 e foi sucedido por seu filho, com o título de D. Pedro I (1357/1367). O Rei D. Pedro I, que jamais esquecera sua amada, mandou matar os assassinos de Inês de Castro e, em 1361, trasladou os ossos de sua amada, Inês de Castro, para o Palácio Real. Colocou-os na cadeira destinada à Rainha; paramentou-os com as vestimentas reais e proclamou Inês de Castro Rainha de Portugal. Em seguida a essa cerimônia real obrigou seus vassalos beijarem o anel da Rainha, colocado em um dedo da mão do seu esqueleto. Os vassalos do Rei D. Pedro descontentes, ao saírem do cerimonial, diziam: Agora é tarde. Inês é morta. Esse aforismo é referido ainda no Brasil de hoje quando em uma pendência foi perdida a oportunidade de ser solucionada e não há mais como resolvê-la. Diz-se, então: Agora é tarde. Inês é morta!

Salvador,Ba, abril, 2013.      Colaboração de Paulo Segundo da Costa   
     


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