Agora é tarde. Inês é morta”
No Brasil ainda é corrente o aforismo: Agora é
tarde. Inês é morta, veiculado pelos portugueses no Brasil Colonial.
Esse dito tem origem no Portugal do século XIV, ou seja, há mais de 700
anos. Decorre de um acontecimento protagonizado pelo Rei D. Pedro I. O Infante Pedro,
herdeiro do trono de seu pai Rei Afonso IV (1325/1357), se casou, em 1334, com
Constança Manuel, da realeza de Castela (Espanha). Quando Constança foi residir
em Lisboa levou consigo Inês de Castro, jovem elegante e bonita, por quem o
Príncipe Pedro ficou apaixonadíssimo. Inês correspondeu à corte do
Príncipe, cujo romance “era muito comentado e mal aceito, tanto pela
corte como pelo povo, em geral”. Constança morreu em 1345 e D. Pedro: “contra
a vontade do pai, passou a viver com Inês de Castro, o que provocou escândalo
na Corte, provocando uma grande desavença entre o Rei e o Infante, seu filho”.
Afonso IV, por não querer que Inês, amante de Pedro fosse rainha portuguesa,
tentou casá-lo com uma jovem mulher de sua Corte. Pedro rejeitou esse casamento
real. Viúvo de Constança, vivia, em Coimbra, com Inês de Castro com quem se
casara secretamente. Com ela teve filhos: Afonso, em 1346, morreu ainda
criança; Beatriz, em 1347; João, em 1349; Dinis, em 1354.
Doente, sentindo que seu reinado aproximava-se do fim,
o Rei Afonso IV: “em 7 de janeiro de 1355, decidiu que a melhor
solução para a Coroa portuguesa seria eliminar a espanhola Inês de Castro.
Aproveitando a ausência de D. Pedro numa excursão de caça, foi para Coimbra com
Pero Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco para ali executarem Inês de
Castro”. Mataram-na e seu corpo foi
sepultado em Alcobaça. O Rei Afonso IV morreu em 1357 e foi sucedido por seu
filho, com o título de D. Pedro I (1357/1367). O Rei D. Pedro I, que
jamais esquecera sua amada, mandou matar os assassinos de Inês de Castro e, em
1361, trasladou os ossos de sua amada, Inês de Castro, para o Palácio Real. Colocou-os
na cadeira destinada à Rainha; paramentou-os com as vestimentas reais e proclamou
Inês de Castro Rainha de Portugal. Em seguida a essa cerimônia real obrigou
seus vassalos beijarem o anel da Rainha, colocado em um dedo da mão do seu
esqueleto. Os vassalos do Rei D. Pedro descontentes, ao saírem do cerimonial, diziam:
Agora é tarde. Inês é morta. Esse aforismo é referido ainda no Brasil de hoje quando em uma
pendência foi perdida a oportunidade de ser solucionada e não há mais como
resolvê-la. Diz-se, então: Agora
é tarde. Inês é morta!
Salvador,Ba, abril, 2013. Colaboração de Paulo Segundo da Costa
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