sexta-feira, 3 de maio de 2013

AS FLORES FALAM





   Um automóvel parou à porta de um cemitério e dele saiu o motorista que se dirigiu ao zelador, dizendo-lhe:
   - Minha patroa está bem doente e não pode andar, mas gostaria de falar com o senhor.
   Uma senhora em avançada em idade, olhos cavos e fundos que não podiam esconder um profundo sofrimento, foi logo dizendo:
   - Nestes dois últimos anos tenho mandado 5 dólares por semana para comprar flores para serem colocadas na sepultura de meu filho. Venho hoje aqui, talvez ela última vez, porque os médicos dizem que tenho poucos dias de vida, e não queria morrer sem agradecer-lhe.
   O funcionário teve um momento de hesitação, afinal com a voz trêmula confessou:
   - Sabe, minha senhora, eu sempre lamentei que estivesse mandando dinheiro para flores...
   - Como assim? Retrucou ela com certo ar de espanto.
   - É porque as flores duram tão pouco tempo. E aqui ninguém as vê! Pertenço a uma Associação de Serviço Social, cujos membros visitam os hospitais e os asilos de velhos. Aí sim é que as flores fazem falta. Os internados podem vê-las e apreciar-lhe o perfume. Minha senhora, nos hospitais e asilos, há pessoas vivas.
   A senhora com manifesto aborrecimento ordenou ao motorista que desse partida.
   Tempos depois, o zelador do cemitério foi surpreendido com a visita da mesma senhora, que pessoalmente vinha dirigindo o carro, e logo foi dizendo:
   - Agora, eu mesma levo as flores aos doentes e aos velhos. O senhor tem razão, eles ficam radiantes e com isto em me sinto feliz. Os médicos não sabem a razão da minha cura, mas eu sei. Hoje eu tenho um motivo para viver.
   Descobriu ela que auxiliando os ouros estava auxiliando a si própria. Compreendeu que as flores não foram feitas para embalsamar mortos nem despistar a tristeza, mas para perfumar a vida de alegria e de felicidade.

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