Causos de Rolando Boldrin
O trem de ferro maria-fumaça ia de São Paulo para
o Rio de Janeiro. Com os passageiros se abancando no vagão de segunda, um
viajante chama o chefe e lhe propõe:
- Seu chefe, estou indo para a cidade de Barra
Mansa. É coisa de negócios. Como tenho o sono pesado e meu compromisso é sério,
antes de chegar lá, o senhor poderia me acordar? Eu lhe dou uma gorjeta de 20
reais. Pode ser?
O chefe diz que tudo bem, está combinado, mas o
passageiro insiste:
-Pelo amor de Deus, o senhor me acorde, hein? Se
eu insistir em continuar dormindo, pode me sacudir, me estapear a cara, me tirar
à força. Faça qualquer coisa, mas preciso estar em Barra Mansa de qualquer
jeito!
Acordo selado, o trem segue seu destino. Já de
madrugada, o tal viajante acorda do bom sono. Até estranha o dia clareando.
Espreguiçando-se, pergunta para outro passageiro:
- Por favor, o senhor sabe me dizer se falta muito
para Barra Mansa?
- Barra Mansa? Xiii, moço, Barra Mansa já ficou
pra trás faz um tempão. Estamos quase chegando no Rio de Janeiro...
O sujeito espuma de raiva. Quando avista o chefe
do trem, andando despreocupado pelo vagão, parte furioso pra cima do
dito-cujo.
- Como o senhor me apronta uma dessas? E agora?
Perdi meu compromisso! É muito prejuízo! Não sei onde estou que não te quebro a
cara!
No meio da confusão, duas velhinhas acordam
espantadas.
- Virgem Maria! Como esse rapaz tá nervoso,
Maricota.
Você não viu nada, Eulália. Precisava ver o que
teve que descer à força em Barra Mansa...
Ilustração:
Tainan Rocha.
Fonte: Almanaque Brasil de Cultura Popular - Maio de 2013.
Fonte: Almanaque Brasil de Cultura Popular - Maio de 2013.
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