quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A primeira embarcação brasileira... Veja os detalhes






Minha jangada vai sair pro mar
A jangada foi a primeira embarcação vista pelos portugueses quando aqui chegaram. Muitas se mantêm em plena atividade no Nordeste. São feitas de paus roliços interligados entre si – de cinco a seis. A vela triangular permite até navegar contra o vento. Mais do que uma mera embarcação, tornou-se parte da cultura local.

O jangadeiro é considerado uma figura mítica. O folclorista Luís da Câmara Cascudo relata o caráter reservado deste homem dos mares: “É o profissional do silêncio.” Também destaca a forte religiosidade: “Noventa por cento das jangadas quando têm nome são homenagens aos santos. São Pedro é muito popular. Nossa Senhora dos Navegantes, Bom Jesus dos Navegantes, Santo Cristo”.

Mas não só Cascudo é entusiasta da jangada. Ela também influenciou compositores, cineastas, aventureiros. Duvida?


O explorador norueguês Thor Heyerdahl esteve no Brasil
durante os anos 1940. Escreveu: “Não existia nenhuma pessoa viva no nosso tempo que nos pudesse ministrar um curso prático avançado de como governar uma jangada indígena.”


O baiano Dorival Caymmi criou um gênero musical, as canções praieiras, nas quais registrava as coisas do mar, a vida dos pescadores, as jangadas. A Jangada Voltou Só, Pescaria, Morena do Mar são algumas delas. Em Suíte do Pescador, canta: Minha jangada vai sair pro mar / Vou trabalhar, meu bem querer / Se Deus quiser quando eu voltar do mar / Um peixe bom, eu vou trazer.


Em 1941, o cearense Manuel Olimpio Moura, o Jacaré, decidiu viajar de jangada de Fortaleza ao Rio de Janeiro, para exigir do presidente Getúlio Vargas melhores condições de trabalho. O cineasta Orson Welles soube da história e resolveu filmar a aventura. O americano já havia rodado algumas cenas quando uma onda forte virou a embarcação. O protagonista e outros três companheiros morreram. “Jangadeiro deve morrer no mar”, costumava falar Jacaré.


Os pequenos caravelões
À despeito dos livros de história, que ignoram a sua existência, os caravelões eram o tipo de barco mais utilizado no País até meados do século 17 – rivalizando até com as jangadas. O aumentativo não deve confundir. Eram versões pequenas das caravelas. Foram essenciais para a exploração do rio São Francisco, a conquista do Rio Grande do Norte e no povoamento do Ceará.


Primeiro luso-brasileiro era construtor de barcos
O Bacharel de Cananeia é uma figura ímpar e misteriosa do Brasil. Trata-se do primeiro luso-brasileiro da história. Para alguns, já estava vivendo no País desde 1498. Fixou-se na atual Cananeia, litoral paulista. Era como “um rei branco vivendo entre os índios, com seis mulheres e mais de mil guerreiros dispostos a lutar por ele”, de acordo com relatos da época.O português começou a construir as primeiras embarcações com inspiração europeia. Se algum forasteiro do Velho Mundo passasse por lá a fim de seguir território adentro, bastava negociar com o Bacharel para conseguir um barco novinho em folha, próprio para os nossos rios.


Agrônomo quis orientar os navegantes do Tietê
Início dos anos 1940. Dois dos principais rios da cidade de São Paulo, Tietê e Pinheiros, davam os primeiros sinais de poluição. O agrônomo Henrique Dumont Villares, porém, estava convicto: “Nos próximos anos, haverá tráfego intenso de barcos nesses rios.”Dono de boa parte das terras da região, mandou construir uma espécie de farol no ponto mais alto do bairro, ao lado da confluência dos rios, para orientar futuros navegantes. Como se sabe, a previsão do agrônomo não foi das melhores. O Farol do Jaguaré se tornou apenas mais um ponto inusitado da cidade. Ali pertinho há, ironicamente, a avenida Henrique Dumont Villares. Lotada de carros.


O maior navio do mundo
Em 1666, foi fundada na Ilha do Governador uma das mais importantes fábricas de fragata do País. Ali foi construída a nau Padre Eterno, com capacidade para quatro mil tripulantes. Sem contar a enorme carga que poderia ser transportada. É considerada por muitos historiadores como o maior navio da história mundial.

O Valente Almirante do Lago é um dos poucos barcos que percorrem periodicamente o Tietê. Já foi palco de desfiles de moda, peças de teatro e até de uma disputada festa.

Navio da vergonha
A mais nefasta embarcação da nossa história cruzou o oceano Atlântico por 300 anos: o navio negreiro. Nesse período, três milhões de africanos viraram brasileiros na marra.


Fé na Baía de Todos os Santos
O litoral de Salvador se transforma a cada dia 1º de janeiro. É a data na qual centenas de barcos cortam a Baía de Todos os Santos, carregando a imagem de Bom Jesus dos Navegantes para a capela de Boa Viagem, num belo ritual de fé. A tradição secular começou no século 18.


Os barcos que trafegam no rio São Francisco costumavam trazer horripilantes carrancas na parte da frente. Além de darem uma cara própria aos barcos da região, dizem que também protegiam dos maus espíritos.

Sabia Dessa?
Quase metade dos estados brasileiros foi batizada em referência às águas que os cercam.
Acre
Vem de aquiri, nome indígena de um rio local.
Alagoas Uma referência aos lagos e rios característicos do litoral alagoano.
Bahia
Devido à Baía de Todos os Santos.
Maranhão
Uma hipótese é ser de origem tupi: mbarã-nhana, ou rio que corre.
Pará
Do tupi pa’ra, que significa mar.
Paraíba
Junção dos termos pa’ra e a’iba: rio ruim, impraticável à navegação.
Paraná
Pa’ra, rio; e , semelhante: rio grande, semelhante ao mar.
Pernambuco
Para’nã (rio caudaloso) e pu’ka (rebentar, furar): “buraco no mar”, em referência à junção dos rios Beberibe e Capibaribe.
Rio de Janeiro
Ao descobrir a Baía de Guanabara, os portugueses pensaram tratar-se de um rio. Era mês de janeiro.
Rio Grande do Norte
Pelo tamanho do rio Potengi.
Rio Grande do Sul
Era chamado inicialmente de Rio Grande de São Pedro, devido ao canal que liga a Lagoa dos Patos ao oceano.
Sergipe
Do tupi, rio dos siris.


Na Amazônia, rio é estrada
A Amazônia ainda é um lugar no qual as estradas não tomaram o lugar da navegação. Também pudera. Há mais de 20 mil quilômetros de rios navegáveis na região. Boa parte das cidades só pode ser alcançada pelas águas. Para o jornalista João Lara Mesquita, o litoral da região Norte é o último reduto contínuo de embarcações típicas no Brasil.

Remos de padeiro?

A canoa é um tipo de barco encontrado no mundo todo. Os índios brasileiros eram especialistas na arte de produzi-la. Um tripulante da viagem de Fernão de Magalhães a registrou na Baía de Guanabara, em 1519: “Os seus barcos são chamados de canoas e são feitos de um tronco de árvore escavado com uma pedra cortante, usada em vez de ferramentas de ferro, que não conhecem. São tão grandes estas árvores que numa só canoa cabem trinta e mesmo quarenta homens, que se servem de remos parecidos com as pás de padeiros.”

A canoa baiana, inspirada pelas africanas, é considerada a rainha das canoas brasileiras.


Baleeira

Comum no Sul, é feita para pesca – inclusive de baleias – em mares distantes.
Jangada

Conjunto de peças de madeira roliças atadas umas às outras, com mastro e vela.
Pelota
O tipo de barco mais rústico da nossa história. Redondo e pequeno, era feito de couro de boi.
Saveiro
Muito comum nos primeiros séculos do Brasil, é o avô das escunas.
Balsa

Jangada de maior porte, usada para transportes em distâncias curtas.
Igarité
Embarcação, em geral cargueira, que suporta até 2 toneladas.
Canoa

Embarcação indígena de pequeno porte, feita com tronco de árvore escavado.
Fonte: www.almanaquebrasil.com.br

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