A literatura de cordel surgiu bem cedo na vida
de Moreira de Acopiara, escritor cearense natural do município que lhe deu o
"sobrenome artístico". Filho de professora da rede pública, sua mãe mantinha o
saudável hábito de ler muitos livros, mas quando o dinheiro rareava, adquiria
cordéis vendidos pendurados em varais. Morando em uma cidade pequena, sem
grandes atrativos e sem energia elétrica, os cordéis da mãe eram a garantia de
diversão do menino durante os dias quase sempre ensolarados do município.
Entre as leituras (e releituras), as rimas
foram caindo no gosto do garoto, que, ao se tornar homem feito, decidiu seguir
os passos e as métricas de poetas famosos, como Patativa do Assaré. "A linguagem
é simples e de fácil entendimento, além disso, o ritmo da poesia facilitava a
memorização", relembra o cearense. Entretanto, ao contrário de Patativa, Moreira
de Acopiara decidiu cantar os encantos de sua terra natal "lá".
Residindo atualmente em São Paulo, o poeta
estende o alcance dos ensinamentos que recebeu quando criança editando livros
que circulam no Sudeste. Autor de 21 livros, todos de poesia, cinco deles foram
adquirido pelo Ministério da Educação (MEC) para integrar o Programa Nacional de
Biblioteca Escolar. Outros três também foram comprados pela Secretaria de
Educação de São Paulo e distribuídos em todas as escolas da rede municipal de
ensino da cidade. Os livros de autoria do cearense também serão lidos por
estudantes de sua cidade natal. Em 2014, a Secretaria de Educação de Acopiara
também vai distribuir quatro títulos do poeta ao longo do ano letivo.
Há 20 anos vivendo de sua obra, Moreira de
Acopiara hesita em assumir o título de cordelista. Mesmo sendo apaixonado pelo
gênero literário, o cearense vê nas métricas do cordel uma limitação à escrita
criativa. "Desenvolvi ao longo dos anos a capacidade de transitar por diversos
esquemas estróficos e métricos, como soneto, décima e decassílabos", afirma o
poeta.
Música
O poeta também transita pela música popular,
realizando parcerias com cantadores sertanejos que gravam as suas músicas. É o
caso das músicas "Deus não dorme" e "Por um fio", gravadas pelos músicos Mococa
e Paraíso. Outra dupla que também gravou suas rimas foi Teodoro e Sampaio, com a
música "Mulherão". Moreira ainda destaca a parceria que possui com o ator global
Jackson Antunes, que frequentemente declama as poesias do cearense em
espetáculos estrelados por ele
Academia
Para o escritor, o cordel passa por "um
excelente momento" em relação a estudos acadêmicos. "O número de estudos cresceu
consideravelmente nos últimos anos, sendo objeto de pesquisas em universidades
nacionais e internacionais", afirma. Entre os trabalhos que tem acompanhado,
Moreira destaca a tese de mestrado da professora Cristiane Cobra na Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, de Taubaté, que realiza tese sobre o
Patativa do Assaré, incluindo na produção a obra do cearense de Acopiara.
O bom momento também estaria na realização de
novos cordéis. Entre a produção cearense, o poeta destaca os cordelistas Geraldo
Amâncio Pereira, Arievaldo Viana e Gonçalo Ferreira da Silva. Outros nomes que
se sobressaem na produção nordestina são, segundo Moreira de Acopiara, Antônio
Francisco (RN) e Manoel Monteiro (PB).
Ocupando a cadeira de número quatro da Academia
Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), Moreira de Acopiara ainda atua como
articulador de coleções de cordéis em diversas cidades brasileiras. No Ceará, já
foi inaugurada uma em Reriutaba e outra será fundada, ainda em junho de 2014, na
cidade natal do poeta. A nova "cordelteca" terá cerca de dois mil títulos e será
a 18ª criada pela ABLC.
LEONARDO BEZERRA
REPÓRTER DN
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita, indique aos amigos.