No Brasil, os ataques acontecem principalmente em Recife. Os especialistas consideram vários motivos, mas talvez o principal deles tenha sido a construção do porto de Suape, ao sul de Recife. Apesar de inaugurado em meados dos anos 80, só passou a funcionar a partir da década de 90. E foi exatamente nessa época que começaram os ataques de tubarões nas praias metropolitanas de Recife. Antes desse período, quase nenhum caso havia sido registrado na região. “Parece haver uma correlação significativa entre o número de navios do porto e a ocorrência de ataques. Os tubarões reconhecidamente costumam seguir grandes embarcações”, afirma o biólogo Fábio Hazin, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Outros fatores também podem explicar o fenômeno: o aumento do número de surfistas e banhistas no mar, a crescente pesca de arrasto de camarão – com os barcos despejando restos da pescaria no mar que atrai os tubarões, entre outros motivos. De acordo com Fábio, são duas as principais espécies responsáveis pelos ataques: o tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier) e o cabeça-chata (Carcharhinus leucas). Ambas são conhecidas pela sua violência e pelo seu grande apetite.
Também é importante saber que a maioria dos ataques ocorre quando o vento sopra forte de sul e sudeste. Nesses dias, as correntes oceânicas do sul para o norte ficam mais fortes, trazendo para perto das praias os tubarões que seguem as trilha de navios no porto de Suape.
No caso especificamente do Porto de Suape, os tubarões são atraídos pelos restos de alimentos e dejetos jogados no mar, seguindo as embarcações e aproximando-se da costa.
Para tornar a situação ainda mais difícil, um banco de areia se estende no mar a cerca de mil metros das praias recifenses. Entre essa longa faixa, com profundidade entre 1 e 3 metros, e a praia é formado um canal profundo (entre 5 e 8 metros), que se transforma numa espécie de refeitório para os tubarões atraindo várias espécies de raias, justamente um dos seus “pratos favoritos”. Com tantas facilidades de alimentação, os tubarões permanecem mais tempo perto da costa.
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