RUA ADOLFO LOPES DA COSTA – Situada no bairro Planalto do Renascer, com início na rua Davi Capistrano, seguindo em direção norte-sul até a extrema da fazenda Itajubá. Denominada através da Lei Nº 1.773, de 05.06.1998, registrada no livro Nº 14 da Câmara Municipal, proposição da vereadora Maria Irisdalva de Almeida, sancionada pelo prefeito Francisco Martins de Mesquita.
ADOLFO
LOPES DA COSTA – Nasceu em Quixadá, no dia 13 de junho de 1901, filho
de Manoel Florêncio da Costa e Maria Lopes da Costa. Muito cedo teve que
trabalhar, pois, seus pais eram muito pobres. Por isso, abandonou os estudos no
terceiro ano primário do colégio Pio XII em Fortaleza, uma vez que os
empregadores não lhe davam oportunidade de estudar e trabalhar. A tendência
para mecânica, o fez procurar emprego numa oficina.
Apesar da
necessidade, teve que trabalhar, gratuitamente, seis meses nas oficinas da Rede
Viação Cearense em Fortaleza, para depois ser admitido, com o mísero salário de
doze mil réis por mês. Resolveu trabalhar por conta própria. Foi difícil,
porque eram poucas as máquinas, no
Ceará, movidas a vapor. Obrigou-se a consertar outros tipos de motores.
Em 1926, a
fama de bom mecânico chegou à sua terra
Natal. O vigário de Quixadá, o frade alemão Dom Lucas, o mandou chamar para
reparar o motor de seu automóvel.
Como o frade
não podia pagar a Adolfo Lopes para que ele permanecesse a serviço da paróquia,
sugeriu que abrisse uma oficina mecânica em Quixadá. Aceitou a sugestão,
confiando no apoio recebido do religioso, pessoa bastante estimada na cidade.
Além disso, ficaria mais perto da atraente jovem Luiza, detentora de pendores
artísticos. Em 1925, ela integrou o elenco que encenou a primeira peça teatral
em Quixadá, no Cine Paroquial, intitulada “Revista Fora dos Eixos”, de autoria
do historiador e escritor, Dr. Eusébio Nery Alves de Sousa.
Em 1926,
casou-se com Luiza Dantas, norte riograndense, filha de João Dantas e Maria
Dantas, com quem teve onze filhos: José Adolfo, Francisco, Luiz, Pedro, Paulo,
Maria José, Lúcia, Elisabete, Raimunda, Fátima e Eufrásia.
Em 1928, começou sentir algo estranho na visão.
Dom Lucas, tomando conhecimento do problema, estava disposto, inclusive,
levá-lo à Alemanha, se fosse possível solução num centro médico mais adiantado.
Infelizmente, o diagnóstico foi atrofiamento no nervo ótico, que levaria, o
competente mecânico, inevitavelmente, à cegueira.
Sem recurso na medicina, em 1932, Adolfo
Lopes estava totalmente cego. Neste período, contou com a assistência e
incentivo do médico quixadaense, Dr. Batista de Queiroz. Seus fregueses foram,
pouco a pouco, se afastando e a sua oficina ficou vazia. Ninguém poderia
imaginar que Adolfo, mesmo cego, continuasse consertando motores, com a mesma
competência. Os que não tinham coragem de enfrentar tão difícil situação, logo
admitiram que, com filhos e esposa para sustentar, cego, só tinha a mendicância
como opção para sobreviver com a família.
Adolfo
Lopes, porém, não pensou assim. Quando sentiu a sua oficina sem máquinas para
consertar, resolveu fabricar brinquedos. Dizia que havia cegado e não morrido.
Nesta difícil fase da vida, contou com o apoio incondicional de sua esposa
Luiza. Ajudava o marido na fabricação dos brinquedos, inclusive dos famosos soldadinhos de chumbo. Estes
brinquedos, por anos, enfeitaram a infância de uma geração.
No dia 20 de
junho de 1932, teve início a construção do açude Choró, serviços a cargo do
engenheiro, Dr. Tomás Pompeu Sobrinho, que confiava a Adolfo Lopes os consertos
dos veículos, tratores e máquinas. Depois que o mecânico de sua confiança
perdeu a visão, deixou de utilizar os seus serviços profissionais.
Um dos
caminhões, que trabalhava na barragem, apresentou defeito e os mecânicos vindos de Fortaleza
não solucionaram. Dr. Pompeu, lembrou-se da habilidade de Adolfo e mandou
chamá-lo. Não foi, mandou dizer que continuava trabalhando no mesmo local,
mandasse o carro que consertava. Assim foi feito. Rebocado até Quixadá, em
pouco tempo, o caminhão voltou em pleno funcionamento.
O relógio da
antiga matriz de Quixadá, importado da Alemanha, e instalado na torre da Igreja
em 17.06.1900, funcionou, normalmente, até quando Adolfo Lopes teve resistência
para subir os degraus da torre, para dar manutenção, fazer reparos e tornear
peças. Há tempo, o relógio histórico está parado. Os serviços, que um homem
cego fazia, hoje, com mais recursos técnicos, não são feitos.
A paróquia adquiriu uma máquina moderna, de
projeção cinematográfica, de origem alemã. Era uma novidade. No Ceará, somente
em Fortaleza funcionava um “cinema falado”. Os técnicos que vieram fazer a
montagem não conseguiram êxito, continuou o “cinema mudo”. Outra equipe veio,
sem solucionar o problema. Padre Luiz, vigário, recebendo cobrança diária do
povo, ansioso para assistir ao “cinema falado”, insistiu com Adolfo Lopes para
que fosse fazer a devida montagem da moderna máquina. A princípio, recusou,
alegando que, quando enxergava, não havia ainda estes aparelhos.
Como o padre
insistiu, Adolfo Lopes foi e conseguiu que a máquina reproduzisse a gravação da
fita. Dias depois, chegou um engenheiro mecânico alemão, que a firma vendedora
do aparelho havia mandado para solucionar o problema. Padre Luiz informou que
um mecânico cego de Quixadá havia posto o cinema para funcionar.
Muito
admirado com a habilidade do mecânico, especialmente por ser cego, disse que o
queria conhecer. Ficou impressionado com a inteligência de Adolfo Lopes,
chegando a afirmar: “Padre, este cego não existe, é simplesmente um
fenômeno”.
Adolfo construiu um engenho
eletro-mecânico, que intitulou de “A Cidade dos Fantoches”. Era uma cidade em
movimento. Pessoas trabalhando em afazeres diversos, com todas as peças
produzidas por ele, com auxilio de sua esposa Luiza Dantas. A obra foi levada à
feira de mostras de São Paulo, constituindo-se numa das atrações do evento.
Músico, tocava bandolim com maestria. Nas
horas de lazer, apresentava o conjunto que formou, com ele no bandolim, Ribamar
Ribeiro no violão e o maestro Zé Pretinho no clarinete.
A partir de 1938, até o seu falecimento,
dirigiu o Serviço de Auto Falante Sólon Magalhães. Chegou a montar e fez
funcionar uma rádio difusão, mas, sem apoio para regularizar o seu
funcionamento, teve que tirá-la do ar, por imposição da lei. Deixou, assim, de
realizar um grande sonho: montar, regularizar e dirigir a primeira emissora de
rádio em Quixadá.
Adolfo Lopes
da Costa faleceu no dia 16 de junho de 1997, em Quixadá, onde foi sepultado,
deixando escrita esta história da mais alta dignidade. Lendo-se o livro de sua
vida, vemos, nas páginas, as suas vitórias, superando os mais difíceis
obstáculos. Provou que o homem, mesmo perdendo algum recurso físico, continua
com o espírito intacto, capaz de conquistar memoráveis triunfos, construindo
grandes obras, exemplos, para as gerações futuras.
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