“O anjo bom da
Bahia”
Em seu leito de morte, Irmã
Dulce recebe a extrema unção de João Paulo II
Hospital Santo
Antonio: uma das obras de Irmã Dulce
Irmã Dulce ganhou notoriedade por
suas obras de caridade e de assistência aos pobres e necessitados, obras essas
que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já lotava a casa de seus pais
acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar várias instituições
filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital Santo
Antônio, que foi construído no lugar do galinheiro do
Convento Santo Antônio.
Irmã Dulce foi uma das mais
importantes, influentes e notórias ativistas humanitárias do século
XX. Suas grandes obras de caridade são referência
nacional, e ganharam repercussão pelo mundo, tanto que seu nome é sempre
relacionado à caridade e amor ao próximo.
Foi indicada ao Prêmio Nobel da
Paz no ano de 1988 pelo então presidente do Brasil, José
Sarney, porém não ficou com o título. Em 2011 foi beatificada pelo enviado especial do Papa Bento
XVI, Dom Geraldo Majella
Agnelo, em Salvador, sendo a beatificação o último
passo antes da canonização. Irmã Dulce pode se tornar a
primeira Santa Católica nascida no Brasil. Em 2001 foi eleita "a religiosa do século XX", em uma eleição que foi publicada
pela revista Isto É. Em 2012 foi eleita uma dos 12 maiores brasileiros
de todos os tempos em pesquisa feita pelo SBT, para eleger a personalidade que mais contribuiu para o
país.
Maria Rita era filha de D. Dulce
Maria de Souza Brito Lopes Pontes e do Dr. Augusto Lopes Pontes, dentista e
professor da Universidade Federal da
Bahia. Quando criança, costumava rezar muito e pedia
sinais a Santo
Antônio, pois queria saber se deveria seguir a vida
religiosa ou se casar. Desde os treze anos de idade, depois de visitar áreas
carentes, acompanhada por uma tia, ela começou a manifestar o desejo de se
dedicar à vida religiosa. Começou a ajudar mendigos, enfermos e desválidos. Nessa mesma
idade, foi recusada pelo Convento de Santa Clara do Desterro, em Salvador, por
ser jovem demais, voltando a estudar.
Com o consentimento da família e o
apoio de sua irmã, Dulcinha foi transformando a casa da família num centro de
atendimento à pessoas necessitadas.
Em 8 de
fevereiro de 1933, logo após se formar professora primária (1932), Maria Rita entrou para
a Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na
cidade de São
Cristóvão, em Sergipe. Em 15 de
agosto de 1934, após seis meses de noviciado, ela fez sua profissão de fé e votos
perpétuos, tomando o hábito de freira e recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe. Em seguida,
voltou a Salvador. Sua primeira missão como religiosa foi ensinar em um colégio
mantido pela sua congregação, na Cidade
Baixa. Também dava assistência às comunidades pobres da
região aonde viria a concentrar as principais atividades das Obras Sociais Irmã
Dulce.
Em 1936, com apenas 22 anos, fundou, com Frei Hildebrando
Kruthanp, a União Operária São Francisco, primeiro
movimento cristão operário da Bahia. No ano seguinte, sempre com Frei
Hildebrando, criou o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de
três cinemas que ambos haviam construído através de doações. Tinham como
finalidade a difusão das cooperativas, a promoção cultural e social dos
operários e a defesa dos seus direitos.
Em maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para os
operários e seus filhos. No mesmo ano, para abrigar doentes que recolhia nas
ruas, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos. Depois de ser expulsa do
lugar, teve que peregrinar durante uma década, instalando os doentes em vários
lugares, até transformar em albergue o galinheiro do Convento de Santo Antônio,
que mais tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de um complexo
médico, social e educacional que continua atendendo aos
pobres.
Mesmo com a saúde frágil, Irmã Dulce
construiu e manteve uma das maiores e mais respeitadas instituições
filantrópicas do país.
Em 1988, foi indicada para o Prêmio
Nobel da Paz, pelo então presidente do Brasil José Sarney, com o apoio
da rainha Silvia da
Suécia.
Em 2000 foi distinguida pelo Papa João Paulo
II com o título de Serva de Deus. O processo de
beatificação de Irmã Dulce tramitou na Congregação para as
Causas dos Santos do Vaticano.
Entre os diversos estabelecimentos
que Irmã Dulce fundou estão o Hospital Santo Antônio, capaz de atender
setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais. O atendimento médico conta
com especialização geriátrica, cirúrgica, hospital infantil, centro de
atendimento e tratamento de alcoolismo, clínica feminina, unidade de coleta
e transfusão de sangue, laboratórios e um centro de reabilitação e prevenção de
deficiências. Além do hospital, Irmã
Dulce também criou o Centro Educacional
Santo Antônio (CESA), instalado em Simões
Filho, que abriga mais de trezentas crianças de 3 a 17
anos. No Centro, os jovens têm acesso a cursos profissionalizantes. Irmã Dulce
fundou também o "Círculo Operário da Bahia", que, além de escola de ofícios,
proporcionava atividades culturais e recreativas.
Durante mais de cinquenta anos de
entrega total à caridade e amor ao próximo, em 11 de
novembro de 1990, Irmã Dulce começou a apresentar problemas respiratórios, sendo internada no Hospital
Português da Bahia, depois transferida à UTI do Hospital Aliança e finalmente ao Hospital Santo Antônio.
Em 20 de
outubro de 1991, recebe no convento, em seu leito de morte, a visita do Papa João Paulo
II para receber a bênção e a extrema
unção.
O "anjo bom da Bahia" morreu
em seu quarto, de causas naturais, aos setenta e sete anos, às 16:45 do
dia 13 de
março de 1992, ao lado de pessoas queridas por ela, como as irmãs do convento. Seu
corpo foi sepultado no alto do Santo Cristo, na Basílica de Nossa
Senhora da Conceição da Praia e depois transferido para
a Capela do Hospital Santo Antônio, centro das Obras Assistenciais Irmã
Dulce.
A 21 de
janeiro de 2009, a Congregação para as Causas dos Santos do Vaticano anunciou o voto
favorável que reconhece Irmã Dulce como venerável.
A 3 de
abril de 2009, o Papa Bento XVI aprovou o decreto de reconhecimento de suas virtudes
heroicas.
No dia 9 de
junho de 2010, o corpo de Irmã Dulce foi desenterrado, exumado, velado e sepultado
pela segunda vez, sendo este o último estágio do processo de
beatificação.
No dia 27 de
outubro de 2010, foi anunciada pelo cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil,
Dom Geraldo Majella Agnelo, em coletiva de imprensa realizada na sede das Obras
Sociais Irmã Dulce (Osid) a beatificação, última etapa antes da canonização, da
religiosa Irmã Dulce, tornando-a a primeira beata (ou bem-aventurada) da
Bahia. O anúncio foi sucedido pelo decreto em 10 de
dezembro de
2010 e aconteceu após o reconhecimento de um milagre pela intercessão da
religiosa na recuperação de uma mulher sergipana, que havia sido desenganada
pelos médicos após sofrer uma hemorragiadurante o parto.
No dia 22 de
maio de 2011, Irmã Dulce foi beatificada em Salvador, e passou a ser reconhecida
como "Bem-Aventurada Dulce dos Pobres". A Solene Eucaristia de Beatificação foi
presidida pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella
Agnelo, arcebispo emérito de
Salvador.
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