JOSÉ DE ALENCAR
José de Alencar (J. Martiniano de A.), advogado,
jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo, nasceu em Messejana, CE,
em 1º de maio de 1829, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de
1877. É o patrono da Cadeira n. 23, por escolha de Machado de
Assis.
Era filho do padre, depois senador, José Martiniano
de Alencar e de sua prima Ana Josefina de Alencar, com quem formara uma união
socialmente bem aceita, desligando-se bem cedo de qualquer atividade sacerdotal.
E neto, pelo lado paterno, do comerciante português José Gonçalves dos Santos e
de D. Bárbara de Alencar, matrona pernambucana que se consagraria heroína da
revolução de 1817. Ela e o filho José Martiniano, então seminarista no Crato,
passaram quatro anos presos na Bahia, pela adesão ao movimento revolucionário
irrompido em Pernambuco.
As mais distantes reminiscências da infância do
pequeno José mostram-no lendo velhos romances para a mãe e as tias, em contato
com as cenas da vida sertaneja e da natureza brasileira e sob a influência do
sentimento nativista que lhe passava o pai revolucionário. Entre 1837-38, em
companhia dos pais, viajou do Ceará à Bahia, pelo interior, e as impressões
dessa viagem refletir-se-iam mais tarde em sua obra de ficção. Transferiu-se com
a família para o Rio de Janeiro, onde o pai desenvolveria carreira política e
onde freqüentou o Colégio de Instrução Elementar. Em 1844 vai para São Paulo,
onde permanece até 1850, terminando os preparatórios e cursando Direito, salvo o
ano de 1847, em que faz o 3º ano na Faculdade de Olinda. Formado, começa a
advogar no Rio e passa a colaborar no Correio Mercantil, convidado por Francisco
Otaviano de Almeida Rosa, seu colega de Faculdade, e a escrever para o Jornal do
Commercio os folhetins que, em 1874, reuniu sob o título de Ao correr da pena.
Redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro em 1855. Filiado ao Partido
Conservador, foi eleito várias vezes deputado geral pelo Ceará; de 1868 a 1870,
foi ministro da Justiça. Não conseguiu realizar a ambição de ser senador,
devendo contentar-se com o título do Conselho. Desgostoso com a política, passou
a dedicar-se exclusivamente à literatura.
A sua notoriedade começou com as Cartas sobre a
Confederação dos Tamoios, publicadas em 1856, com o pseudônimo de Ig, no Diário
do Rio de Janeiro, nas quais critica veementemente o poema épico de Domingos
Gonçalves de Magalhães, favorito do Imperador e considerado então o chefe da
literatura brasileira. Estabeleceu-se, entre ele e os amigos do poeta,
apaixonada polêmica de que participou, sob pseudônimo, o próprio Pedro II. A
crítica por ele feita ao poema denota o grau de seus estudos de teoria literária
e suas concepções do que devia caracterizar a literatura brasileira, para a
qual, a seu ver, era inadequado o gênero épico, incompatível à expressão dos
sentimentos e anseios da gente americana e à forma de uma literatura nascente.
Optou, ele próprio, pela ficção, por ser um gênero moderno e
livre.
Ainda em 1856, publicou o seu primeiro romance
conhecido: Cinco minutos. Em 1857, revelou-se um escritor mais maduro com a
publicação, em folhetins, de O Guarani, que lhe granjeou grande popularidade.
Daí para frente escreveu romances indianistas, urbanos, regionais, históricos,
romances-poemas de natureza lendária, obras teatrais, poesias, crônicas, ensaios
e polêmicas literárias, escritos políticos e estudos filológicos. A parte de
ficção histórica, testemunho da sua busca de tema nacional para o romance,
concretizou-se em duas direções: os romances de temas propriamente históricos e
os de lendas indígenas. Por estes últimos, José de Alencar incorporou-se no
movimento do indianismo na literatura brasileira do século XIX, em que a fórmula
nacionalista consistia na apropriação da tradição indígena na ficção, a exemplo
do que fez Gonçalves Dias na poesia. Em 1866, Machado de Assis, em artigo no
Diário do Rio de Janeiro, elogiou calorosamente o romance Iracema, publicado no
ano anterior. José de Alencar confessou a alegria que lhe proporcionou essa
crítica em Como e porque sou romancista, onde apresentou também a sua doutrina
estética e poética, dando um testemunho de quão consciente era a sua atitude em
face do fenômeno literário. Machado de Assis sempre teve José de Alencar na mais
alta conta e, ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras, em 1897, escolheu-o
como patrono de sua Cadeira.
Sua obra é da mais alta significação nas letras
brasileiras, não só pela seriedade, ciência e consciência técnica e artesanal
com que a escreveu, mas também pelas sugestões e soluções que ofereceu,
facilitando a tarefa da nacionalização da literatura no Brasil e da consolidação
do romance brasileiro, do qual foi o verdadeiro criador. Sendo a primeira figura
das nossas letras, foi chamado “o patriarca da literatura brasileira”. Sua
imensa obra causa admiração não só pela qualidade, como pelo
volume, se considerarmos o pouco tempo que José de
Alencar pôde dedicar-lhe numa vida curta. Faleceu no Rio de Janeiro, de
tuberculose, aos 48 anos de idade.
Fonte: Academia Brasileira de Letras
(ABL)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada pela visita, indique aos amigos.