Minúsculo peixe transparente desconhecido é descoberto no Rio Negro
O bicho tem 1,7 centímetros de comprimento e vive em um curso d’água que chega a ter mais de 30 km de largura. Como se isso não bastasse, a maior parte de seu corpo é transparente e ele só sai para nadar durante a noite. Assim, fica fácil entender porque até hoje ninguém tinha conseguido pegar um Cyanogaster noctivaga para estudar.
Agora, cientistas da Universidade de São Paulo (USP) foram ao Rio Negro, no meio da selva amazônica, e finalmente “trouxeram à tona” este curioso peixinho.
A empreitada que conseguiu capturar exemplares deste peixe aconteceu em outubro de 2011, mas só agora ele está sendo definitivamente identificado e catalogado. Cyanogaster noctivaga é um peixe tão incomum que é, até o momento, a única espécie de seu gênero (Cyanogaster). Ainda sem nome “brasileiro”, este minúsculo habitante das águas do Rio Negro foi apresentado pelos cientistas George Mattox, Ralf Britz, Mônica Toledo-Piza e Manoela Marinho.
Não foi fácil fotografar um desses vivo. Os cientistas tiveram que navegar pelo rio à noite – já que o peixe é notívago -, guiando-se por um brilho incomum: a barriga do Cyanogaster é azul, e emana um leve brilho no escuro, tal qual um vaga-lume aquático. Quando conseguiam retirar um deles da água, puxando pela rede, o peixe morria imediatamente.
Por essa razão, eles tiveram que fotografá-lo de dentro da água mesmo. Os pesquisadores colocaram uma câmera subaquática dentro de um tanque, bem rente à superfície. Para registrar o peixe, foi preciso puxá-lo pela rede e transferi-lo para o “tanque fotográfico”, tudo dentro da água.
Uma dentição nunca vista antes – duas arcadas com apenas quatro dentes, de diferentes formatos, em cada uma – é o que diferencia o Cyanogaster de qualquer outro gênero de peixe. Seus parentes mais próximos são conhecidos pelo habitat, a anatomia e o minúsculo comprimento (o menor peixe do mundo é apenas 7 milímetros menor que ele). Este simpático habitante do Rio Negro é mesmo uma descoberta peculiar. [Natural History Museum / New Scientist / Artigo]
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