terça-feira, 23 de julho de 2013

Quixadá perde mais um de seus prédios históricos



Na madrugada do dia 23 de julho de 2013, assistimos à demolição de mais um prédio histórico de Quixadá. Sua construção foi iniciada em 1873 pelo então vigário João Scarilho Maravalho e concluído pelo vigário Antonio Lúcio Ferreira, um benfeitor de Quixadá, que dirigiu a nossa paróquia por 22 anos. Antes da construção do majestoso prédio, a casa paroquial funcionava num pequeno imóvel nas proximidades do Balneário Cedro Clube.


Cônego Antonio Lúcio Ferreira

Padre Luiz Braga Rocha

Em 1932 assumia a paróquia de Quixadá o jovem Padre Luiz Braga Rocha, outro grande benfeitor de nossa terra. Foi dele a iniciativa de solicitar ao governo federal obras públicas para acolher os flagelados da grande seca de 1932. Esta ideia foi encampada pela Associação Comercial e redundou na construção do Açude do Choró. Padre Luiz construiu, com a participação do povo, de todas as classes sociais, o Colégio Sagrado Coração de Jesus, a Catedral e a Maternidade Jesus, Maia e José. Graças a seu prestígio com o deputado federal quixadaense José Martins Rodrigues, foi construída a estrada que hoje utilizamos para chegar à capital cearense. Como argumento para a construção da obra, foi alegado que a rodovia serviria de escoamento para nossa produção agrícola, por isso foi denominada inicialmente Estrada do Algodão. Fez também funcionar o Ginásio Waldemar Alcântara e o entregou à direção do Padre Francisco Clineu Ferreira, renomado professor cearense. Padre. Luiz Braga Rocha residiu no prédio hoje demolido até a chegada do primeiro bispo de Quixadá, Dom Joaquim Rufino do Rego. No  prédio demolido foram elaborados todos os projetos da paróquia que visavam o bem estar dos paroquianos e o desenvolvimento de Quixadá.

Dom Rufino

O primeiro bispo de Quixadá construiu o Seminário Diocesano e no local fez funcionar as dependências da Cúria Diocesana. Promoveu importantes encontros sociais e religiosos, contando com o apoio da sociedade quixadaense, de quem gozava de prestígio pessoal, a tal ponto de receber carinhosa recepção quando voltou a visitar nossa cidade e os amigos que aqui deixou.

Dom Adélio Tomasin

O segundo bispo de Quixadá, Dom Adélio Tomasin, recebeu a determinação divina de substituir o vigário Padre Luiz Braga Rocha, no que diz respeito a construção de importantes empreendimentos para beneficiar nossa cidade em todas as suas áreas sociais. Iniciou com a instalação de uma escola profissionalizante, visando proporcionar à população carente uma oportunidade de exercer uma profissão que garantisse o sustento digno de sua família. Instalou a Rádio Cultura de Quixadá para divulgar as atividades sociais e religiosas da diocese, dando oportunidade para que as reivindicações dos mais humildes chegassem ao conhecimento daqueles que os podiam amparar. Construiu novo prédio para funcionamento do Hospital e Maternidade Jesus, Maria e José. Ampliou as dependências do Seminário Diocesano, construindo auditórios para servir tanto aos eventos religiosos como ficar à disposição da sociedade de modo geral. Construiu o Santuário Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão, que além de se tornar um belo templo religioso, constituiu-se numa atração turística, passando a receber visitas de pessoas dos mais distantes pontos do país e exterior. Construiu e fez funcionar a Faculdade Católica Rainha do Sertão, oferecendo dezenas de cursos, dando oportunidade, não só aos quixadaenses, mas toda  região do Sertão Central e até de outros estados do Brasil, de concluírem curso superior de elogiosas referências nos órgãos competentes da educação. Continua Dom Adélio, depois de se afastar de suas atividades como bispo diocesano, a trabalhar em prol da comunidade.. Construiu um abrigo para idosos denominado Remanso da Paz, onde também passou a residir, pois durante toda sua estada em Quixadá não construiu sequer um quarto para dormir tranquilamente, com a consciência do dever cumprido. Continua Dom Adélio incansavelmente, trabalhando pela educação e cultura de Quixadá, colaborando administrativamente com o empreendimento de empresários que resolveram dotar Quixadá de mais uma faculdade, a CISNE, que brevemente iniciará o funcionamento de vários cursos, ainda não existentes na Faculdade Católica Rainha do Sertão, que fez funcionar e entregou a direção ao novo bispo que o substituiu.

Dom Ângelo Pignoli

Numa transação do atual bispo diocesano, o histórico prédio que hoje foi demolido pelo empresário que o adquiriu por R$ 1.300.000,00 (Hum milhão e trezentos mil reais), sepultou em seus escombros páginas gloriosas de nossa história. Não se pode recriminar o atual proprietário do imóvel pela sua demolição, pois o adquiriu pelos meios legais e a ele cabe dar ao prédio o destino que lhe convier. Se alguma crítica dos que lutam pela preservação de nossos prédios históricos tiver  de ser feita, deverá pois ser endereçada a quem negociou o prédio numa transação que feriu profundamente aos quixadaenses que reconhecem o esforço e o trabalho incansável de nossos antepassados que construíram o alicerce de nosso desenvolvimento, proporcionando para que Quixadá fosse hoje uma das mais importantes cidades do interior cearense. Anteriormente outro prédio, onde funcionou a Sociedade de Amparo à Criança Pobre, que com sua dissolução as instalações ficaram para a diocese, esse imóvel foi também negociado e deu lugar a um bloco de apartamentos situado nas imediações da Câmara Municipal de Quixadá. Até quando assistiremos à demolição de nossos prédios históricos por quem jamais construiu uma obra que marcasse a sua permanência entre nós?
Acreditndo na honestidade de nosso bispo  Dom Ângelo, esperamos uma prestação de contas do dinheiro recebido na transação dos imóveis, pois foram obras construídas com o dinheiro do povo, e a ele temos que prestar contas.

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