quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Refluxo e suas consequências

Doença Do Refluxo Gastroesofágico 

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A doença do refluxo Gastroesofágico (DRGE), ou simplesmente refluxo, é uma das doenças mais comuns do tubo digestivo e acontece quando parte do conteúdo do estômago retorna para o esôfago e órgãos próximos.
Causa a famosa sensação de queimação, muitas vezes chamada de azia. É uma doença crônica, que se manifesta periodicamente, e pode estar associada a lesões internas.
Antes mesmo de colocarmos um alimento na boca, à primeira etapa da digestão já está acontecendo na nossa cabeça. Basta perceber que estamos com fome ou com “vontade de comer” e pronto, os órgãos da digestão já começam a trabalhar! Existe um aumento da salivação e do suco gástrico (rico em substâncias ácidas), responsáveis pelo trabalho de digerir os alimentos. Antes de engolir, nós trituramos os alimentos, através da mastigação, misturando-os com a saliva.
O alimento triturado começa a percorrer o esôfago (tubo muscular localizado no meio do peito) que “conduz” o alimento da boca até o estômago. “No final deste tubo existe uma espécie de válvula” (esfíncter) que se abre para o alimento passar para o estômago. Em seguida, o esfíncter se fecha, impedindo que o suco gástrico e os alimentos voltem para o esôfago. Quando esta válvula não funciona bem, ocorre o refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago.
O sintoma mais comum é a pirose – sensação de queimação, muitas vezes descrita como azia. Pode ocorrer ainda regurgitação ácida, tosse, rouquidão, mau hálito, aftas e, em casos raros, asma e pneumonia.
A camada de células que reveste o tubo digestivo (mucosa) não é igualzinha do começo ao fim. Ela tem diferentes características ao longo deste percurso. No esôfago, por exemplo, é mais frágil e não suporta o contato prolongado com a acidez do estômago. Então, se o suco gástrico sobe (reflui) para o esôfago, provoca aquela queimação que vai do estômago para o peito, podendo chegar até a garganta. A sensação que o refluxo provoca é a “tão famosa” azia. Mais raramente, o suco gástrico pode subir até a boca junto com o alimento; aí é o que chamamos de regurgitação.
Então azia e regurgitação é a mesma coisa que a doença do refluxo Gastroesofágico (DRGE)? É uma doença grave?
A azia, o principal sintoma da DRGE, pode acontecer com qualquer um de nós, quando comemos demais. Mas, se é frequente, então a pessoa pode ter a Doença do Refluxo Gastroesofágico – DRGE. Na maioria dos casos, é apenas uma irritação da mucosa que provoca a queimação. Em outros casos, o refluxo frequente acaba provocando feridas na parte inferior do esôfago. Através do exame chamado endoscopia é possível saber se o esôfago apresenta ou não estas lesões.
A pessoa pode ter DRGE com ou sem lesões. O tratamento é importante para ambos os casos!
O diagnóstico da DRGE é clínico, alguns exames podem auxiliar no diagnóstico, como: endoscopia, exame radiológico contrastado do esôfago, cintilografia, Phmetria de 24 horas e teste terapêutico.
As complicações da DRGE
O contato prolongado da mucosa do esôfago com o suco gástrico refluído pode provocar erosões (feridas superficiais), ou menos frequentemente, úlceras (feridas profundas) ou até estenose (estreitamento na parte inferior do estômago). As lesões do esôfago podem levar a sangramento crônico, provocando anemia. Em alguns casos, a inflamação crônica pode até facilitar o aparecimento de câncer no esôfago.
Existem outros sintomas que também podem ser DRGE?
Sim. Tosse, rouquidão, bronquite, asma e dor no peito (tipo angina), algumas vezes podem ser provocados pela DRGE. São os chamados sintomas atípicos, e só o seu médico poderá distingui-los com precisão.
O que é hérnia de hiato?
Para chegar até o estômago, o esôfago passa pelo hiato – um orifício do músculo diafragma que separa o tórax do abdômen. Se este orifício está mais alargado, mais frouxo do que deveria estar, a parte superior do estômago acaba deslizando para dentro do tórax, formando a chamada hérnia de hiato. E essa condição pode intensificar o refluxo.
Todas as pessoas que têm hérnia de hiato precisam operar?
Não. Somente casos selecionados. Somente um médico qualificado pode indicar um tratamento cirúrgico.
O que eu posso fazer para ajudar o meu médico a diagnosticar e tratar a DRGE?
Descreva, com suas próprias palavras, como você sente a azia ou o refluxo. Quantas vezes ocorrem estes sintomas? Todos os dias? Uma vez por semana? Uma vez por mês? Quanto tempo dura os sintomas? Eles chegam a lhe despertar à noite? Os sintomas só aparecem após as refeições? Quais alimentos desencadeiam esses sintomas?
Qual o tratamento para a DRGE?
O tratamento da DRGE baseia-se em dois pilares principais: mudança de hábitos comportamentais e o tratamento medicamentoso.
1- Mudança de hábitos
Evite fumar - O cigarro, invariavelmente, diminui a proteção da mucosa do estômago.
Evite deitar logo após as refeições - deite-se somente 2 a 3 horas após a refeição, tempo necessário para o esvaziamento do estômago. Quando deitamos perdemos a ação da gravidade, “forçando” a válvula e possibilitando o refluxo.
Evite alimentos que prejudicam a digestão e facilitam o refluxo - frituras, gordurosos, chocolate, condimentos fortes (pimenta, molho de tomate), excesso de cebola/alho, café, chá preto.
Perca peso se estiver acima de seu peso ideal.
Evite roupas apertadas - pois estar acima do peso ideal e usar roupas apertadas podem comprimir o seu estômago facilitando o refluxo.
Evite encher demais o seu estômago - pois a digestão fica mais difícil, mais demorada. Isso facilita a ocorrência do refluxo.
Evite deitar ou fazer esforço com o estômago cheio.
Eleve a cabeceira da cama - principalmente se você costuma ter azia durante à noite. Utilize um calço de 15 a 20 cm. Não adianta tentar recorrer a travesseiros.
Se você quer mesmo evitar a azia e tratar a DRGE, vale tudo o que ficou dito e tudo o mais que você mesmo perceber que não é bom para você. Afinal, cada um é um.
Quer uma dica?
Coma mais vezes ao dia, mas sempre em pequenas quantidades. Não existem regras rígidas. Algumas pessoas se satisfazem com três refeições diárias. Outras preferem dividir isso em mais vezes. O importante é não sobrecarregar o estômago nem em quantidade e nem com alimentos que ele não consegue digerir bem.




Dra. Maria Candida Junqueira Zacharias – Nutricionista Clínica e Esportiva

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