Quando a tevê chegou ao Brasil, várias pessoas a criticaram. O escritor Nelson Rodrigues afirmou: "A televisão matou a janela."
Era 18 de setembro de 1950 quando, num estúdio de São Paulo, começava a primeira transmissão da tevê brasileira. A TV Tupi estava no ar. Estrelas do rádio, músicos e humoristas apresentaram pequenas atrações para celebrar o acontecimento. Um bispo até benzeu as câmeras. O dono da emissora tratou de distribuir aparelhos por pontos estratégicos da cidade, que ficaram rodeados de curiosos. Éramos o quinto país do mundo a ter transmissão diária.
No começo, a novidade fez pouca diferença na vida da população. Só as famílias ricas tinham o aparelho em casa. Para agradar os amigos, era comum recebê-los para “sessões de tevê” (sempre à tarde ou à noite, porque não havia programas de manhã). Mas também havia quem torcesse o nariz para a tecnologia. “A televisão não dará certo. As pessoas têm de ficar diante de uma tela, e a família não terá tempo para isto”, afirmou um jornal anos antes.
Desligada para as críticas, a tevê começou a ganhar espaço nos lares brasileiros. Mudou o rumo da música por meio dos festivais das canções. Fez milhões de pessoas se emocionarem com os capítulos finais de novelas antológicas. Espremeu torcedores de futebol em sofás. Deixou o povo bem informado em momentos fundamentais da política. Ao mesmo tempo, é constantemente criticada por baixar o nível para atrair audiência. Um pequeno aparelho retangular que mudou a forma de o brasileiro ver o mundo. Para o bem e para o mal.
Televisão X Janela
A tevê diverte e emociona. Mas o aparelho também recebe críticas, inclusive de quem já trabalhou nela. Para o novelista Dias Gomes, “a televisão nada inventou. Ela apenas adicionou imagem à programação criada pelo rádio”. O ator Paulo Autran via pouca qualidade artística na programação: “O teatro é a arte principalmente do ator, o cinema do diretor e a televisão do patrocinador”. Já o escritor Nelson Rodrigues achava que o aparelhinho havia tomado o espaço de velhos costumes, como passar tardes olhando pela janela. Com seu jeito irônico, concluiu: “A televisão matou a janela.”
Já pensou nisso?Pode acreditar: Sílvio Santos era uma das estrelas da TV Globo em 1969. Aos domingos, o atual dono do SBT ficava oito horas e meia no ar, das 11h30 às 20h. Se ele mantivesse seu programa semanal com o mesmo tempo de duração, teria passado dois anos no ar sem descanso! Isso porque, de lá pra cá, passaram-se 40 anos. Como cada ano tem 52 semanas, Sílvio teria ficado 17.680 horas fazendo suas palhaçadas – o mesmo que dois anos e um mês ininterruptos. É como se você ligasse a tevê hoje e visse o dono do SBT no ar por dois anos. E 24 horas por dia! .
Fonte: www.almanaquebrasil.com.br
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