sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Ligações que custam caro


E-mail

Escrito por Rolando Boldrin

O sujeito estava indignado com o tamanho da sua conta telefônica. Até que descobre o culpado.

Todo mês, aquele cidadão ficava indignado quando ia pagar a conta telefônica. Todo mês, a conta estava nas alturas, de tantas ligações interurbanas. Era ligação pro Japão, pra África, pras Orópa... Enfim, um despropósito, uma vez que naquela casa ninguém ligava pra fora.

Houve desconfiança da empregada, mas logo descartada, uma vez que a dita cuja mal falava o caipirês, quinêm este que aqui escreve este causo. Pois muito bem: indignação daqui, desconfiança dali... E nada de matarem a tal charada.

Naquela casa havia um papagaio que falava e cantava de tudo! Pois não é que um belo dia o dono da casa surpreende o tal louro a falar no telefone numa língua atrapalhada? Isso mesmo: as ligações interurbanas estavam sendo realizadas pelo nosso amigo verdinho.

O dono da avezinha faladeira resolveu pregar-lhe um castigo: pega o louro pelas asas, dois pregos e um martelo e, numa parede da sala, prega o pobre falante com as asas bem abertas. “Isso é pra você aprender a não ligar mais pra ninguém, e muito menos pra lugares distantes. Você vai ficar aí pregado por uns três dias.”

Passado alguns instantes, o louro percebe em sua frente, na outra parede da sala, um crucifixo com um Jesus ali... claro, crucificado. Ao ver nosso Senhor naquela parede, o tagarelador lhe dirige a palavra:

Louro – Há quanto tempo você tá pregado aí?

Cristo – Eu, meu filho, estou aqui pregado há dois mil anos...

Louro (na bucha, indignado) – Você deve ter feito ligações pra longe mesmo, hein?!


Adaptado de Contando Causos, de Rolando Boldrin (Nova Alexandria, 2001)

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