segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ALCOÓLICOS ANÕNOMOS

Alcoólicos Anônimos (A.A.) é uma irmandade mundial de homens e mulheres que se ajudam mutuamente a manter a sobriedade e que se oferecem para compartilhar livremente sua experiência na recuperação com outros que possam ter problemas com o alcoolismo. Em Quixadá há grupos  do A.A. que se reúnem semanalmente em sua sede à Rua José de Alencar, próximo a Agência do Nordeste. Em nossa cidade o A.A. tem prestado significativo serviço social, reconhecido pelo número de frequentadores, que todas as semanas fazem o importante juramento de tudo fazer , com a ajuda de Deus, para evitar " O primeiro gole".



ALCOÓLATRAS ANÔNIMOS

João Eudes Costa

Geralmente julgamos que somente os abastados, possuidores de muito dinheiro e detentores de grande patrimônio, dispõem de meios para amparar e fazer algo em benefício dos outros.
Pensamos assim porque sempre admitimos ser as contribuições materiais, especialmente as expressas em dinheiro,  únicas capazes de socorrer e tirar alguém das dificuldades.
Assistindo às reuniões de um grupo de Alcoólatras Anônimos, ficamos conscientes de que qualquer pessoa, por humilde e pobre que seja, terá condição de socorrer e amparar irmãos em apuros. Ficamos convictos de que a esmola que muitas vezes damos, representada por trocados que até nos incomodam conduzi-los, e que entregamos com aquele ar de superioridade, na realidade, nada vale.
Para tornar público a nossa generosidade, pomos dinheiro nas mãos estendidas que suplicam ajuda, sem sequer olhar para o rosto o pedinte e escutar seu desabafo de sofrimento e dor. Tal indiferença revela nossa pobreza de espírito ao julgar que o dinheiro resolve todos os problemas da miséria humana.
A verdadeira doação, aquela que dignifica quem oferta e alegra o que recebe, deve ser retirada de nosso interior, do mais sagrado de nossos sentimentos de solidariedade. Só é válida quando dividimos com quem necessita o muito que temos no coração para ofertar, quando o fazemos com desvelo, com os olhos na imagem e nos ensinamentos de Cristo.
O grupo de Alcoólatras Anônimos revela este exemplo, demonstrando, na prática, o tanto que podemos ser úteis, quando nos dispomos a servir com toda a força do amor.
Nas associações, nos clubes organizados numa sociedade, os integrantes são escolhidos pelos seus valores extrínsecos. Vale a aparência, importância da família, sem se falar no posicionamento financeiro, sem o qual as falhas não são acobertadas.
Para se pertencer a um grupo de Alcoólatras Anônimos não é exigida nenhuma qualidade especial. Pode ser rico ou pobre. Trabalhador do salário mínimo ou funcionário de destaque de altos salários. A cor nem a raça interessam.  Nenhuma influência  política  é capaz de fazer diferença ou conceder privilégios de qualquer espécie.
Nas reuniões dos clubes sociais, quase sempre, os sócios recebem homenagens e suas virtudes enaltecidas, porque quanto mais famoso o sócio maior é o prestígio, destaque e conceito do clube a que pertence.
Numa reunião de um grupo do AA o importante é o visitante, o irmão carente e sofredor que busca ali cura para a terrível doença do alcoolismo. Na cabeceira da mesa ninguém ressalta seus diplomas, seus pendores pessoais a importante função pública ou política que exerce.
Na presença de todos, rasga a vestimenta vistosa de sua aparência impoluta e passa a narrar toda a maldade que praticou, quando dependente da bebida, vítima do alcoolismo.
Retalha a sua imagem, abrindo as portas de seu passado, para que o companheiro que  escuta adentre no seu interior e veja, por dentro, o estrago e a erosão que o alcoolismo é capaz de fazer. Tem a humildade para revelar tudo de errado que fez, embora não se julgue curado, dizendo-se sempre um doente em recuperação. Para o integrante do grupo do AA não importa que a sua imagem aparentemente imaculada seja enodoada pela miséria de seu passado. Muito mais importante para ele é que seu exemplo de  reconquista, a sua força de vontade sirvam de espelho ao irmão que está em busca da recuperação.
Mesmo sem jamais ter ingerido bebida alcoólica, é importante sempre comparecer as reuniões do A. A. Descobrimos que mesmo sem beber vivemos embriagados pela vaidade, pela arrogância e pela falta de solidariedade com o próximo. Conscientizamo-nos de que não conseguimos felicidade, nem construímos o edifício do bem-estar, se, do lado de fora, caído na valeta de nossa calçada, deixamos alguém que julgamos irrecuperável, vencido para sempre e nada fazemos para levantá-lo e convidar para que venha residir conosco na verdadeira paz  e convivência fraterna.
Há poucos dias o grupo Monólito do AA de Quixadá completou 17 anos de atividade. Foi uma festa bonita, não pela presença de convidados especiais, nem pela suntuosidade do ambiente. Bela porque a felicidade era visível no rosto dos que se abraçavam com fervor, agradecidos por mais um dia de sobriedade. Ali se comemorava a força da união, mostrando o valor de uma sociedade afetuosa, unida e o grande potencial que Deus nos concede, quando, irmanados, dedicamos nossa vida à prática do bem.

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