quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


OS ÓCULOS DE RACHEL NÃO FORAM ROUBADOS.
Os óculos são uma das marcas da escritora Rachel de Queiroz, assim como os de Carlos Drumond de Andrade, Ferreira Gular e tantos outros. Imagina o Açude do Cedro sem a Galinha Choca? Ficaria faltando algo, não? O que temos que perceber é que não podemos ficar fuçando os óculos da estátua, pq mesmo sendo de bronze, é uma peça delicadíssima. Para se ter uma ideia os óculos como peça separada foram fundidos em molde de areia, único e exclusivo. Só serve para uma vez. Sei que nosso povo (por falta de oportunidade, claro) ainda não tem hábito da apreciação de obras de arte ao ar livre. A estátua de Rachel é um dos primeiros passos nesse sentido. Bonito ver as pessoas sentando ao lado da estátua, tirando fotos, sorrindo, tocando, acariciando a estátua, pegando nas mãozinhas e sentindo as veias expostas da escritora, como se fosse os caminhos tortuosos do sertão; outros tocam-lhes os pezinhos, beijam seu cabelo e testa.... Isso, sim, é que comove. As pessoas se apropriando daquele que de fato é seu. Diferente do que ocorre (infelizmente) com a estátua de Rachel, em Fortaleza, na Praça dos Leões, ou com a estátua de Carlos Drumond de Andrade, em Copacabana, cujos os óculos já foram roubados algumas vezes, em Quixadá, os óculos de Rachel não foram roubados, ao contrário: foram guardados com carinho por uma moradora das mediações do Memorial Rachel de Queiroz e depois devolvidos junto à Fundação Cultural. Massa. Vai a estátua de Rachel - enquanto peça de arte - cumprindo sua missão de provocar nas pessoas reflexões e sentimento de pertença.

                                                                                  Clébio Ribeiro

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