sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

ANTONIO MOREIRA MAGALHÃES,UM QUIXADAENSE QUE AMAVA SUA TERRA





A SAUDADE É A SOMBRA DO AMOR

João Eudes costa

Na longa caminhada da vida temos muitos companheiros, mas poucos se tornam verdadeiros amigos. No início da jornada há grande expectativa naquilo que vamos encontrar. Nossos pais alimentam a alegria, falando de tudo de bom que iremos encontrar nas próximas paradas.
Quando enfrentamos os primeiros percalços, verificamos que nem tudo vai ser apenas contentamento. Em cada estação assistimos à lamúria de quem se despede dos que amavam e que ficaram naquela parada para sempre.
Enquanto não sentimos a dor da separação, ignoramos que estamos de prontidão para substituir alguém na vigília das lágrimas. Quando nossos pais, irmãos, parentes e amigos também desembarcam para sempre nas estações da vida, a dor, a saudade e a solidão ensinam-nos valorizar aqueles que oferecem o ombro para acolher nossa dor com carinho e solidariedade, enxugando as lágrimas que teimam em retirar a poeira da saudade.
Os Cirineus que ajudam a carregar o nosso pesar são os amigos com quem poderemos contar até o fim da jornada. Se algum deles parte sem sequer se despedir, os seus atos, fraternidade e carinho ficam escritos, para sempre, no livro da história de nossa vida.
Há poucos dias, Quixadá, representada em todas as camadas sociais, ficou consternada com a inesperada partida de Dr. Antônio Moreira Magalhães, que, na sua vida fez de cada companheiro um amigo. Tive o privilégio de ser um deles. O nosso encontro era alegre e fraternal. Abraçava-me com tamanha lealdade que eu ficava sem saber se o que pulsava era o meu ou o seu coração. Sempre tinha histórias para contar, a fim de nos fazer gargalhar e esquecer as agruras da vida.
Fiquei triste e não contive a emoção ao saber de sua partida. Não sei se por covardia, fraqueza ou por falta de estrutura para enfrentar grandes e penosas comoções, não tive coragem de vê-lo inerte em seu ataúde. Não suportei ter a certeza de sua partida. Preferi alimentar a ilusão de encontrá-lo numa das curvas de minha caminhada, para reviver os momentos felizes que passei a seu lado.
Ninguém poderá fugir à chegada na parada final da jornada que empreendemos na terra. Por isso, Maria Laura, Ciro, Gisele, Fabíola e Aida, familiares e amigos, mesmo sem a companhia de Magalhães temos que continuar a peregrinação neste mundo. Com fé que Jesus guiará nossos passos, não devemos parar, olhando para trás, esperando, inutilmente, que ele volte a nos acompanhar. Com a permissão Divina estará, espiritualmente, ao nosso lado, como estrela guia nos mostrando o melhor caminho.
Deixemos que as lágrimas percorram nossos rostos. Não devemos escondê-las nem tentar retirá-las, pois são as mãos de Magalhães a nos acariciar, confortando-nos e recomendando resignação, dando-nos forças para aceitar os sábios desígnios de Deus. Essas lágrimas são orvalhos da saudade que marcarão o caminho que haveremos de percorrer, caindo sobre nossas pegadas, para que Magalhães nos siga para enxugar o pranto de todos nós.
As crianças que o médico dedicado recebeu do céu em seus braços, com a missão de semear o amor. Os jovens que o médico professor ensinou a palmilhar o caminho que os conduziu às gloriosas conquistas. Os idosos que o médico caridoso amparou, confortou e amenizou os tropeços da velhice, muitos deles também já partiram. Com certeza no éden celestial comemoraram a chegada ali de Antonio Magalhães, ofertando-lhe flores do mais belo colorido, representativas da fraternidade, da caridade e do amor.
Descanse em paz, querido amigo, a sua missão foi gloriosamente cumprida. A sua imagem jamais desaparecerá de nossas retinas, fazendo-o permanecer, para sempre, em nossos corações.

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