quarta-feira, 3 de julho de 2013

Médicos fazem paralisação nacional nesta quarta-feira


Profissionais contestam "importação" de cubanos e pedem mais financiamento para saúde 

    Vanessa Sulina, do R7
Na semana passada, médicos protestaram em São PauloJ. Duran Machfee/FuturaPress/Estadão Conteúdo
Médicos, residentes e estudantes de medicina vão paralisar as atividades a partir das 10h em todo o País (veja a programação por estado). De acordo com o CFM (Conselho Federal de Medicina), o objetivo é mobilizar e chamar atenção da população para a importação de médicos estrangeiros — de Cuba e outros países — sem a revalidação de diploma, o baixo investimento na saúde pública e incentivo na carreira.
Segundo o vice-presidente do CFM, Emmanuel Fortes, a principal reivindicação  dos profissionais é que o governo federal “respeite as regras” para se trazer os médicos estrangeiros. O governo federal quer trazer ao Brasil já neste ano os médicos estrangeiros para atuarem na rede pública de saúde. A medida faz parte do Pacto da Saúde.
— É necessário avaliar a capacidade deles, não só por respeito às regras que nós mesmos escrevemos, como também pela segurança da população. Além disso, há outras demandas. A falta de infraestrutura na saúde está no inconsciente do povo. Foi essa a reivindicação que esteve presente na grande maioria dos protestos. Faz sentido o que o povo está reclamado. A questão não é a falta de médico, mas a falta de infraestrutura e remuneração dos serviços.
Nesta quarta-feira serão suspensas as consultas agendadas e procedimentos, como cirurgias e exames, que poderão ser remarcados. De acordo com Fortes não haverá “prejuízos à população”. O serviço de urgência e emergência será mantido em todos os hospitais.
Se não houver avanços nas conversas, o presidente diz que não estão descartadas novas paralisações.
— Nossa mobilização será permanente ate um diálogo profícuo.
Apesar da bolsa paga aos residentes médicos ter sido reajustada nesta segunda-feira (1º), a presidente da ANMR (Associação Nacional de Médicos Residentes), que também apoia a mobilização nacional, Beatriz Costa, afirmou que “essa foi só a primeira das reivindicações”.
— O governo disse que iria prover 12 mil novas vagas, mas falta preceptoria e infraestrutura. Além disso, queremos o fim do bônus do provab [recém-formados que atuam em áreas de extrema pobreza recebem bônus em prova de residência]. Isso não resolve o problema. É algo apenas paliativo.
Se as reivindicações não forem atendidas, Geraldo Ferreira, presidente da ANM (Associação Nacional dos Médicos), afirma que “não está descartada uma greve”. Segundo ele, entre as alternativas para melhoria do setor está a aprovação da PEC 454, pacote de emenda constitucional que cria a carreira de Estado para os médicos, assim como acontece com o Judiciário.
— Além disso, queremos também que 10% do recurso público bruto seja destinado à saúde. Não adianta colocarmos mais médicos, sem ter infraestrutura suficiente.
O CFM (Conselho Federal de Medicina), a AMB (Associação Médica Brasileira), ANMR (Associação Nacional de Médicos Residentes) e a Fenam (Federação Nacional dos Médicos) apoiam o movimento.
Outro lado
Procurada pelo R7, a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde não quis comentar a paralisação dos médicos e suas reivindicações.
Governo quer cubanos este ano

O governo federal quer trazer ao Brasil já neste ano os médicos estrangeiros para atuarem na rede pública de saúde. O edital de chamamento dará prioridade aos médicos brasileiros, mas as vagas que não forem ocupadas serão destinadas a médicos de outros países. A medida faz parte do Pacto da Saúde, assinado entre a  presidente, Dilma Rousseff, e governadores na última segunda-feira (24). A data para a publicação do edital ainda não foi definida, mas segundo o ministro da saúde, Alexandre Padilha, há pressa.

Segundo o Ministério da Saúde, ao chegar no Brasil os médicos passarão três semanas em avaliação em uma universidade brasileira e com permanente acompanhamento para garantir a qualidade do atendimento ao paciente antes de irem para os hospitais. Eles deverão também ter capacidade de se comunicar bem, quem estiver fora dos padrões não poderá exercer a função e terá que voltar ao país de origem.

Para Alexandre Padilha, a medida é a mais acertada, no momento, para atender à carência de médicos.

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