domingo, 10 de fevereiro de 2013

PROCURA-SE O AMOR - CRÔNICA DE BRUNA BORGES COSTA





PROCURA-SE O AMOR

Bruna Borges Costa 
 Integrante da Academia quixadaense de Letras, cadeira n° 1, patronesse Rachel de Queiroz

Não me recordo onde, mas em algum lugar eu li a seguinte frase: “O amor verdadeiro é como fantasma, todos falam sobre ele, mas poucos o sentem verdadeiramente”. Concordo plenamente com isso. Saem vulgarizando esse sentimento tão bonito, falando “eu te amo” aos quatro cantos da terra e, às vezes, iludindo alguém.
Mas, as pessoas não se deixam mais enganar pela frase já citada. Acostumados a palavras vazias e sem sentimento, já sabem que tal afirmação é mais uma das coisas “bonitinhas” de se dizer, mas que quase nunca é verdade.
     Hoje, saí com meu pai para uns afazeres. Não gosto muito de sair de casa pela manhã, sempre preferi à noite. O fato é que tive que sair durante a manhã e a pé. Não era o que eu poderia chamar de passeio empolgante. Terminada a minha tarefa, meu pai se dirigiu a um senhor e fiquei observando o local, até que passei a examinar o amigo de meu pai e um detalhe me chamou a atenção: ele usava duas alianças.
   A conversa continuou e chegou ao ponto em que esse senhor começou a relembrar a sua falecida esposa. Falava dela com orgulho e com uma visível saudade nos olhos, sendo perceptível que a lembrança dela lhe fazia doer o coração.
Em dado momento, ele disse: “Dizem que quando as pessoas se casam ficam juntas até que a morte as separe, mas a morte não nos separou, ela continua sendo a minha esposa”. Ergueu a mão, onde se encontravam, em um dos dedos, as duas alianças. Ele a amava e continuava amando.
Não há coisa mais bonita e mais triste do que duas almas que se amam serem separadas pela morte e deixar para a que ficou apenas recordações e saudades. Meus olhos, que antes eram desatentos, passeando pelo local, estavam fixos nos olhos dele quando disse que chorava todo dia a falta de sua amada esposa.
   Meu pai, percebendo a emoção do amigo, foi se despedindo e eu fui junto. Na volta para casa foi falando sobre várias coisas, mas eu não escutei uma palavra. “Ela ainda é minha esposa!” – isso não saía da minha cabeça. Aquilo, sim, era um amor de verdade, e era lindo, mas ao mesmo tempo parecia tão distante de mim.
   Estaria mentindo se dissesse que, enquanto estava escrevendo essa crônica, não senti vontade de chorar.    Fiquei me perguntando o que era aquilo que deixou meu coração tão frágil e tocado? Era AMOR, mas não era o meu. Por isso estou até me questionando em colocar um anúncio no jornal “PROCURA-SE O AMOR.”

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