Foi há muito tempo. Dormia num dos
apartamentos do le Grand Hotel de Suez, ali no Boulevard Saint Michel em Paris
quando batem á porta. Estranho. É madrugada.
Não espero ninguém. Com a insistência,
vou ver quem é. Trata-se de duas escandinavas, bem vestidas, altas e bonitas.
Parecem divertidas diante do susto do mestiço latino-americano cujo sono vêm de
perturbar. Espantado diante daquele Papai Noel inesperado só sei balbuciar,
trêmulo, nervoso, assustado, em português: “ Não é aqui, não “. Foi uma espécie
de “ Senhor, eu não sou digno”. Não mereci o mimo de Natal antecipado. As louras
perceberam o engano e foram cantar noutra freguesia.
***
Gata na cama
Gata na cama
Encontrei outra loura na cama. Foi em
Paris e mais recentemente em 1995. A família fora à Espanha. Adormeci com a
porta do apartamento que dava para ampla área na Rue Brancion aberta por causa
do calor insuportável. Quando desperto, vejo, a meu lado, no leito, uma gata
fulva. Dum louro quase dourado. Que esplendia, entre lençóis, na madrugada. Mas
era gata de quatro patas que tratei logo de mandar embora, eu que abomino a
proximidade física com animais. Foram minhas principais aventuras galantes em
terras de França..
Contista
preguiçoso
Estou querendo concluir conto “ Deu
camelo, meu amor” sobre um inveterado jogador que morre na ilusão de haver
ganhado, sozinho, o grande prêmio da Loteria federal. Foi começado no “Tabac de
La Sorbonne”, na Place de Sorbonne a 14 de outubro de 1995, sentado eu em frente
ao busto de Augusto Comte, sorvendo um thé-citron e lembrando amigo,
recentemente falecido em Sobral.
Sonhando com
Portugal
Continuo fazendo fézinha semanal na
Sena e Megasena. Entre outros investimentos planejados, pretendo rever Portugal.
Ando morrendo de saudades da terrinha. Quero ver a nova Lisboa, depois da Expo
1998. Dar um pulinho a Leira a fartar o bandulho no “Tromba Rija” de que Jorge
Bornhausen fala tanto. E encarar uns mariscos na Cervejaria do Ramiro, na
Almirante Reis, aonde me levou quando estive na capital portuguesa e era ele
Embaixador do Brasil. Se encontrar ALGUM ECIANO, pretendo dar um bordo com ele
em algum sítio freqüentado por Eça de Queiroz de que ambos somos devotos. E com
o cônsul do Brasil em Lisboa o quase cearense João Almino.
Conversa de feira
Em Paris, saía cedo, aos domingos,
enquanto a família dormia e ia até a Porte de Vanves. Ou então subia á Place de
Tertre, depois de passar pela Sacre Coeur de Jesus. Aprazia-me ouvir um alemão
tangendo seu violoncelo, no canto da praça, dando para o Museu Salvador
Dali.
Em Brasília, em tal transe, vou à feira
do Guará. Adoro andar em feiras, principalmente onde se vende comida. Lá, ao
comprar macaxeira, a vendedora me pergunta se não quero inhame. Digo-lhe que
não. Só comi tal tubérculo quando criança. Ela insiste:
“ Pois tem o mesmo gosto de quando o
senhor era menino.”
“ Acontece que sou outro”, replico na
defensiva.
“ O inhame é o mesmo”, insiste a
vendedora.
Lustosa da
Costa
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