domingo, 2 de fevereiro de 2014

Santos de casa fazem sucesso Brasil afora

Reconhecidos na cena teatral de Fortaleza, atores cearenses (e um pernambucano radicado no Ceará) se destacam em produções nacionais de tv, teatro e cinema: Jesuíta Barbosa, Silvero Pereira e Demick Lopes


Jesuita Barbosa em Serra Pelada: ator estará presente no remake global de O Rebu em papel que já foi de Lima Duarte

Em Mombaça, município distante cerca de 296 Km de Fortaleza, não se fala em outra coisa. Desde a estreia da minissérie Serra Pelada na Rede Globo, ouve-se o burburinho: “o filho da Rita está na TV”. Ir à padaria ficou até difícil para a senhora simples que, por quatro dias, sanou as saudades do rebento após a novela das nove.

Nos últimos quinze anos, dona Rita só viu Silvero Pereira em cena nos palcos de Fortaleza. Ano passado também o encontrou no cinema feito as mais de 400 mil pessoas que assistiram a Serra Pelada, o filme, do diretor Heitor Dhalia. E embora a tela grande pudesse impressionar, o impacto da TV foi maior.

“O teatro é uma arte muito restrita, acaba chegando a poucas pessoas, e em um dia de TV você atinge milhões. É meio assustador”, diz Silvero. O ator e diretor cearense se destacou como uma das Marias, núcleo de garimpeiros que faziam as vezes de mulheres quando a presença feminina só era permitida a pelo menos 30 quilômetros de distância do garimpo.

Além dele, compunham as Marias outros dois talentos forjados aqui: o também cearense Démick Lopes e o pernambucano radicado no Ceará desde a infância, Jesuíta Barbosa. Reconhecido pelo trabalho em Tatuagem, filme de Hilton Lacerda, a Globo não tardou em fisgar Jesuíta. Considerado a grande revelação do cinema nacional, o papel de coadjuvante não lhe coube em Amores Roubados, minissérie com que a emissora abriu o ano.

Na adaptação de Serra Pelada, exibida na semana seguinte, o ator confirmou seu grande momento – mesmo morrendo logo nas primeiras sequências. A prova é que no próximo remake global, O Rebu, lá estará ele no personagem Boneco, que na versão de 1975 foi de Lima Duarte. Por ora, as atenções de Jesuíta se concentram em Berlim. É da cidade alemã que ele pode sair com o Urso de Ouro, prêmio ao qual o filme cearense Praia do Futuro concorre na mostra oficial.

EM CASA
Para Démick, do premiado Bagaceira, grupo referência do teatro cearense, Serra Pelada deu outra dimensão ao trabalho de 17 anos. Não apenas por passar no canal mais assistido da televisão brasileira ou provocar um assédio com o qual ele não estava acostumado. Mas por provar a falência da ideia de que, para fazer sucesso, é preciso sair de casa, desbravar a estrada, conquistar o sul. “Isso foi por terra”, concorda Silvero.

Diante do talento, encurta-se a distância com testes via Skype, paga-se mais caro pela ponte aérea Fortaleza-São Paulo e admite-se até a inexperiência num set de filmagem, caso de Silvero, um estreante em cinema. Assim os cearenses foram levados a Serra Pelada pelo produtor de elenco Chico Accioly e conquistaram o diretor a ponto de convencê-lo a incluir cenas das Marias que sequer existiam no roteiro. “Isso tem a ver com uma relação de confiança e liberdade que foi criada nas filmagens”, conta Démick.

Apesar da repercussão e dos convites que já surgiram na TV e no cinema, os dois continuam nos projetos reservados para este ano. Silvero vai correr 17 estados com Uma Flor de Dama, solo sobre o universo das travestis, no Palco Giratório e afasta a possibilidade de atender aos chamados da TV em 2014. Démick deve gravar o primeiro filme do Bagaceira, Ao Vento, e toca sua primeira experiência como diretor do documentário Movimentos em parceria com o músico Gustavo Portela.
Fonte:http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2014/02/01/noticiasjornaldom,3200194/santos-de-casa-fazem-sucesso-brasil-afora.shtml

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