Jersey Vargas tem apenas 10 anos, mas já fala como uma jovem política. De família mexicana, nasceu nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, 26, converteu-se, por uma casualidade, na porta-voz de milhões de indocumentados hispânicos. Na Praça São Pedro saltou por cima de uma cerca e chegou até o Papa Francisco, a quem comoveu ao pedir-lhe para que intervenha junto a BarackObama contra as deportações de ilegais.
A reportagem é de Andrés Beltramo Álvarez e publicada no sítio Vatican Insider, 26-03-2014. A tradução é de André Langer.
A pequena chegou ao Vaticano para participar da audiência geral de Jorge Mario Bergoglio, junto com uma delegação de ativistas pelos direitos dos hispânicos na União Americana. Quando terminou o encontro e após pular uma cerca, adiantou-se até chegar à primeira fila onde – emocionada – presenteou o Pontífice com um guardanapo, uma recordação de grande valor sentimental.
Como em um primeiro momento não conseguiu falar sobre a situação de seus pais migrantes, voltou pouco depois para saudar o Papa e falou-lhe da iminente deportação de seu pai. “De onde?”, perguntou o líder católico; “Dos Estados Unidos”, replicou a menina.
“Voltei e lhe disse que nos ajudasse porque era injusto que muitas crianças estejam passando pela mesma situação; estamos separados de nossas famílias. Me abençoou, me deu um beijo e confirmou que veria o presidente Obama. Eu já me senti mas calma porque fiz uma diferença no mundo, me deu sua palavra e estou contente”, contou a menina.
Por alguma razão o grupo de ativistas, composto por 16 pessoas de diversas organizações de migrantes de Los Angeles, não conseguiu um lugar apropriado para a saudação direta do Pontífice. Eles começaram os preparativos para a viagem a Roma em janeiro passado, com o arcebispo (de origem mexicana) José Gómez.
Eles chegaram até a praça vaticana pensando que fariam parte do tradicional “beija-mãos”, durante o qual Francisco saúda milhares de pessoas. Mas, dado o lugar em que conseguiram ficaram, tiveram que confiar em uma menina de 10 anos para fazer chegar sua mensagem a Bergoglio.
Jersey é a terceira de cinco irmãos do casamento entre Mario e Dolores Vargas. Ela e outros dois de seus irmãos são cidadãos estadunidenses; os demais têm vistos temporários. Seus pais moram há 14 anos no país. Há mais de um ano o pai está preso no Estado de Indiana e sua deportação é iminente. A mãe sustenta a família, que mora na localidade de Panorama City, vendendo tamales.
“Estou muito feliz e emocionada porque pela primeira vez conheci alguém muito importante. Eu disse ao Papa Francisco que nos ajude. As pessoas que são indocumentadas não cometeram nenhum crime; querem apenas ajudar suas famílias, querem apenas uma vida melhor”, explicou.
E acrescentou: “Chorei, porque pela primeira vez conheci uma pessoa tão importante; é quem está mais próximo de Deus. Me deu uma grande honra, quando o vi era como um anjo, um santo. Quisera dizer às crianças que continuem lutando e brigando por seus pais porque algum dia eles voltarão e nunca mais estarão separados”.
Talvez o protocolo do Vaticano não considerou oportuno dar visibilidade à reivindicação dos migrantes às vésperas da primeira audiência privada entre o presidente estadunidense Barack Obama e o Papa Francisco, prevista para a manhã desta quinta-feira, 27, no Palácio Apostólico.
Mas as dificuldades não desanimaram Francisco Moreno, o coordenador de comunidades do Conselho de Federações Mexicanas na América do Norte (Cofem). Ele garantiu que grande parte dos indocumentados tem fé católica e veem no Papa um sinal de esperança.
Recordou que mais de mil pessoas são deportadas diariamente dos Estados Unidos, sobre um total de mais de dois milhões de famílias separadas, com filhos estadunidenses e pais deportados.
“(O encontro com Francisco) foi uma bênção para os migrantes, um gesto que consideramos muito importante para a nossa causa, para as pessoas que há anos trabalham neste projeto e que acreditavam ser impossível uma viagem ao Vaticano”, disse.
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/noticias/529646-francisco-obama-menina-comove-o-papa-e-levanta-a-voz-dos-migrantes
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| Fonte: http://bit.ly/1iAty0e |
A pequena chegou ao Vaticano para participar da audiência geral de Jorge Mario Bergoglio, junto com uma delegação de ativistas pelos direitos dos hispânicos na União Americana. Quando terminou o encontro e após pular uma cerca, adiantou-se até chegar à primeira fila onde – emocionada – presenteou o Pontífice com um guardanapo, uma recordação de grande valor sentimental.
Como em um primeiro momento não conseguiu falar sobre a situação de seus pais migrantes, voltou pouco depois para saudar o Papa e falou-lhe da iminente deportação de seu pai. “De onde?”, perguntou o líder católico; “Dos Estados Unidos”, replicou a menina.
“Voltei e lhe disse que nos ajudasse porque era injusto que muitas crianças estejam passando pela mesma situação; estamos separados de nossas famílias. Me abençoou, me deu um beijo e confirmou que veria o presidente Obama. Eu já me senti mas calma porque fiz uma diferença no mundo, me deu sua palavra e estou contente”, contou a menina.
Por alguma razão o grupo de ativistas, composto por 16 pessoas de diversas organizações de migrantes de Los Angeles, não conseguiu um lugar apropriado para a saudação direta do Pontífice. Eles começaram os preparativos para a viagem a Roma em janeiro passado, com o arcebispo (de origem mexicana) José Gómez.
Eles chegaram até a praça vaticana pensando que fariam parte do tradicional “beija-mãos”, durante o qual Francisco saúda milhares de pessoas. Mas, dado o lugar em que conseguiram ficaram, tiveram que confiar em uma menina de 10 anos para fazer chegar sua mensagem a Bergoglio.
Jersey é a terceira de cinco irmãos do casamento entre Mario e Dolores Vargas. Ela e outros dois de seus irmãos são cidadãos estadunidenses; os demais têm vistos temporários. Seus pais moram há 14 anos no país. Há mais de um ano o pai está preso no Estado de Indiana e sua deportação é iminente. A mãe sustenta a família, que mora na localidade de Panorama City, vendendo tamales.
“Estou muito feliz e emocionada porque pela primeira vez conheci alguém muito importante. Eu disse ao Papa Francisco que nos ajude. As pessoas que são indocumentadas não cometeram nenhum crime; querem apenas ajudar suas famílias, querem apenas uma vida melhor”, explicou.
E acrescentou: “Chorei, porque pela primeira vez conheci uma pessoa tão importante; é quem está mais próximo de Deus. Me deu uma grande honra, quando o vi era como um anjo, um santo. Quisera dizer às crianças que continuem lutando e brigando por seus pais porque algum dia eles voltarão e nunca mais estarão separados”.
Talvez o protocolo do Vaticano não considerou oportuno dar visibilidade à reivindicação dos migrantes às vésperas da primeira audiência privada entre o presidente estadunidense Barack Obama e o Papa Francisco, prevista para a manhã desta quinta-feira, 27, no Palácio Apostólico.
Mas as dificuldades não desanimaram Francisco Moreno, o coordenador de comunidades do Conselho de Federações Mexicanas na América do Norte (Cofem). Ele garantiu que grande parte dos indocumentados tem fé católica e veem no Papa um sinal de esperança.
Recordou que mais de mil pessoas são deportadas diariamente dos Estados Unidos, sobre um total de mais de dois milhões de famílias separadas, com filhos estadunidenses e pais deportados.
“(O encontro com Francisco) foi uma bênção para os migrantes, um gesto que consideramos muito importante para a nossa causa, para as pessoas que há anos trabalham neste projeto e que acreditavam ser impossível uma viagem ao Vaticano”, disse.
Fonte:http://www.ihu.unisinos.br/noticias/529646-francisco-obama-menina-comove-o-papa-e-levanta-a-voz-dos-migrantes
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