sábado, 26 de abril de 2014

Sarau e amor para contemplar floração única


O paisagista Ricardo Marinho vive uma experiência há sete meses que acreditava não poder acompanhar. A palmeira da espécie Corypha umbraculifera - conhecida como palma talipot - floresce nos jardins de sua casa, no bairro Edson Queiroz. A planta originária do Sri Lanka é idêntica à palmeira da sede administrativa do Banco do Nordeste (BNB), que passa pelo mesmo fenômeno, como O POVO publicou na última quinta-feira, 24. Essa espécie chega a demorar 80 anos para viver esse processo no país de origem e, quando completa o ciclo de floração, morre.

Marinho trabalhou com o paulista Roberto Burle Marx (1909 - 1992) no projeto de paisagismo do banco há 32 anos. Ele lembra que as mudas da palmeira exótica foram trazidas ao Ceará por ele, quando voltou do período de formação no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi na capital carioca que o paisagista conheceu Burle Marx. “Eu me interessava pelo trabalho dele. Cheguei ao Rio de Janeiro com o objetivo de encontrá-lo e consegui. Lá, começou nossa relação de amizade e trabalho”, recorda.

Convidado para integrar o projeto paisagístico do banco, Marinho lembra que sugeriu a Burle Marx a inclusão das mudas da palmeira no local. “Estava de mudança e não tinha onde pôr as coriphas. Colocamos três delas no BNB; as outras eu distribuí entre amigos e também doei ao Roberto (Burle Marx)”. Marinho diz que o paisagista paulista usou os exemplares da planta em projetos particulares no Rio de Janeiro. No Ceará, uma muda da palmeira foi plantada em Guaramiranga, em estágio de desenvolvimento menos avançado, “por causa do clima mais frio”, aponta.

A palmeira está na casa do paisagista desde outubro de 1982, quando Marinho casou-se. Curiosamente, começou o processo de florescimento quando ele e a esposa Beta Ponte Pinheiro completavam 32 anos da união. “Foi como um presente. Lembro que nos primeiros anos do casamento surgia a dúvida se viveríamos o tempo suficiente para ver essa palmeira florar. Conseguimos”, emociona-se a também paisagista.

Marinho decidiu registrar a floração da planta. Semanalmente, ele fotografava o desenvolvimento do fenômeno. O paisagista se anima enquanto mostra as minúsculas flores se amontoando em cachos. “É um evento único. Organizamos até um sarau no entorno da Coripha para comemorar esse fenômeno. Eu achava que nunca veria isso acontecer no quintal da minha casa”.

Agora, as flores deram lugar a pequenos cocos, que mais tarde servirão de semente. Marinho pretende cultivar as mudas e oferecer a institutos de pesquisa para que a espécie seja estuda no Ceará. “A intenção é propagar essa planta que diz tanto pra mim”, projeta.

Saiba mais

Segundo o paisagista Ricardo Marinho, a palma talipot chega a dispersar cerca de 100 mil sementes após a floração. A grande quantidade é uma estratégia natural para a permanência da vegetação no meio ambiente.

Ele prevê que a planta permaneça viva por mais cinco meses, após concluir a dispersão dos frutos e encerrar seu ciclo único de floração.

A palmeira chega a atingir 5 a 7 metros de altura acima das folhas e até 4 metros de diâmetro.


Em 2009, as espécies da palmeira plantadas por Burle Marx no Jardim Botânico do Rio de Janeiro floresceram juntas, impressionando os frequentadores do local.
Fonte:http://www.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2014/04/26/noticiasjornalcotidiano,3241842/sarau-e-amor-para-contemplar-floracao-unica.shtml

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