quinta-feira, 18 de abril de 2013

UM PORTUGA MUITO AZARADO...


Blogue de vitorfaria :Conhecer, aprender e evoluir, UM GAJO COM AZAR

Um conhecido meu, teve necessidade de uma operação a um dos olhos. A operação, correu bem e, no fim, ao dar-lhe alta, o cirurgião informou-o que era a última operação que fazia naquele hospital, porque se ia reformar precisamente no fim daquele dia de trabalho, mas que, caso tivesse necessidade de alguma consulta por qualquer problema que eventualmente surgisse, deveria dirigir-se ali, àquele mesmo serviço do hospital do Capuchos, que seria de imediato atendido, pois ia deixar instruções nesse sentido.
Uns dias depois, o homem começou a ter problemas com o olho operado, não conseguindo encarar a luz, fosse ela qual fosse ao mesmo tempo que a vista lhe lacrimejava constantemente.
Que fez o nosso homem?
O que o médico lhe tinha dito. Foi ao hospital, no guichê contou a sua história, e mandaram-no esperar.
Passadas duas horas, foi chamado. Contou de novo ao que ia e recebeu a seguinte resposta:
- Mas nós não podemos tratar aqui casos como o seu. Tem que ir à consulta de oftalmologia do hospital de São José.
- Mas eu fui operado aqui pelo doutor fulano de tal que me disse para aqui vir.
- Pois. Mas como o doutor já não trabalha aqui, tem de ir a São José.
E o nosso homem lá foi.
No tal serviço de oftalmologia. Inscreveu-se e aguardou cerca de uma hora.
Quando finalmente foi chamado, quem o atendeu, depois de ouvir a sua história disse-lhe que ali não podia ser atendido nessas condições e que teria de ir ao serviço de urgência que é noutro edifício do mesmo hospital.
Já bastante nervoso, lá foi o nosso homem, rumo a mais duas horas de espera até ser atendido por uma médica.
Ao tomar conhecimento da situação do doente a resposta da médica foi a seguinte:
-O senhor não devia ter vindo aqui. Devia ter ido ao hospital onde foi operado.
- Mas foi exactamente isso que eu fiz, e foram eles que me mandaram para aqui.
- Nesse caso deveria ter ido ao serviço de oftalmologia e não aqui às urgências.
O nosso homem passou-se.
- Senhora doutora. Tenho 65 anos. A senhora acha que tenho idade para andarem a brincar comigo? Eu não vou a lado nenhum. Se a senhora não me atender fica pessoalmente responsável pelo que me suceder à vista. E será a si que vou responsabilizar pessoalmente até às últimas consequências.
E não lhe vendo reação, começou a desandar na direção da porta de saída.
Já estava com a mão a empurrar o guarda vento quando ouviu nas suas costas a voz da médica dizer: - Espere aí. Venha cá que eu vou ver isso. Mas não devia.
O nosso homem nem lhe respondeu.
Após rápido exame, a médica pediu um determinado medicamento à enfermeira e colocou-lhe umas gotas na vista. Passando-lhe em seguida uma receita do mesmo medicamento com as devidas instruções de posologia.
E o problema ficou resolvido. Pois passado pouco tempo já o homem não tinha qualquer problema no olho que fora operado.
Agora digam-me lá. Tanta treta, má vontade, “burocracia” e incómodo do doente apenas para lhe analizarem a vista e colocarem umas gotas?
Se os serviços nos hospitais não funcionam normalmente assim, muito mal e a passo de caracol, então é porque o homem é mesmo azarento, pois encontrou os maus todos de uma só vez.
Mas pelos vistos é o homem que é azarento, vejam agora o que lhe sucedeu dias depois.
A senhora sua esposa, teve o azar de lhe aparecer uma verruga na parte interior do nariz, que ainda por cima, sem querer esfolou, provocando-lhe uma hemorragia, com sangue a correr desenfreadamente, não se descobrindo nada que o parasse. Preocupados, resolveram dirigir-se às urgências do hospital do Barreiro.
Era um fim-de-semana. Após a devida inscrição, três horas de espera, para lhe comunicarem que afinal não tinham nenhum otorrinolaringologista de serviço, pelo que deveria dirigir-se a outro hospital.
Três horas para descobrir que não havia um médico da especialidade de serviço, é obra.
Hora e meia depois, já com a noite instalada, inscreveu-se a senhora na urgência do hospital de S. José. Temendo longa espera, o nosso amigo alertou quem o atendeu para o facto da mulher continuar a perder sangue, pois cada vez que desapertava as narinas era como se ali tivesse uma torneira.
- Não se preocupe! Para a consulta dessa especialidade a sua senhora é a primeira. – Responderam-lhe.
Cerca das quatro horas da manhã. Ou seja, aproximadamente duas ou três horas depois, o homem até lhe perdeu a conta, não havendo ainda consulta, resolveu voltar ao guiché e reclamar.
A funcionária ficou preocupada e respondeu-lhe que ira ela pessoalmente procurar o médico, que depois se veio a saber estar confortavelmente a dormir. Esquecera-se que tinha uma doente para atender.
Claro que acordou mal disposto e, quando finalmente atendeu a senhora, até se mostrou zangado, porque, segundo ele, qualquer enfermeiro saberia muito bem o que fazer. Mas pelo menos lá a tratou, conseguindo que o sangue deixa-se de correr.
A senhora, no entanto, uma vez que mais nada foi feito ao seu problema, para o resolver em definitivo, resolveu ir a uma consulta da especialidade particular, onde finalmente foi tratado o seu caso de forma eficaz.

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