domingo, 23 de junho de 2013

INFLUÊNCIA DA CULTURA AFRICANA




Herança Cultural Africana

O grande destaque dado à abolição, de certo modo ofuscou a importância dos elementos culturais de origem africana presentes na sociedade cearense, que são mais expressivos do que comumente se pensa.
Alguns municípios cearenses tem sua origem ligada a sítios e comunidades negras, a exemplo de Monsenhor Tabosa, antes chamado de Telha, que teve origem numa fazenda chamada Forquilha, pertencente a uma família de negros, os Teles.
Há o caso da comunidade quilombola de Conceição dos Caetanos, no município de Tururu, surgida em terras adquiridas em 1887 pelo forro Caetano José da Costa, saído de Pacoti – naquela comunidade, por décadas, até os anos 70, os negros casavam entre si, mantendo a tradição. 

 foto: Diário do Nordeste
No vocabulário cearense do dia-a-dia, há várias palavras de origem banto: angu, banguela, batuque, bambo, bunda, cabeça, cachaça, cachimbo, candomblé, moleque, e muitas outras.
Tem-se ainda manifestações artísticas, como o  Maracatu, de origem banto. Outras manifestações culturais negras locais perderam-se ao longo do tempo, como o samba de umbigada e a festa do Congo. No primeiro, os brincantes formavam uma roda, na qual um dançarino ficava a sambar no centro, depois de certo tempo ele se dirigia a um dos componentes da roda, dava uma pancada no umbigo como sinal para que o substituísse. 

 foto do site:http://girosdamocoronga.wordpress.com

A festa do Congo consistia num desfile ou procissão que reunia elementos das tradições de Angola e do Congo com influências ibéricas – entidades dos cultos africanos eram identificadas aos santos do catolicismo (daí  o porquê das festas serem aceitas pela igreja, autoridades e senhores proprietários).   
 Animada por danças, cantos e música, a procissão acabava numa igreja, em geral a da Irmandade de negros de Nossa senhora do Rosário, onde, com a presença de uma corte e seus vassalos, acontecia a cerimônia de coroação do Rei Congo e da Rainha Ginga de Angola – uma personagem da história africana. 
foto Diário do Nordeste

Mais recente são as festas em homenagem a Iemanjá, que reúne milhares de adeptos do candomblé, nas praias, no início do ano. Igualmente importantes são os cultos afro-brasileiros, tratados preconceituosamente até os dias atuais, por certos segmentos cristãos conservadores como macumba, e que por décadas foram reprimidos pela polícia.
Há de se ressaltar o papel de Mãe Júlia, líder de um terreiro no Benfica, em Fortaleza, que nos anos 1950 buscou organizar os adeptos de crenças afro-brasileiras em uma associação e negociou com as autoridades a liberdade de culto.

extraído do livro de Airton de Farias
História do Ceará  

quinta-feira, 25 de agosto de 2011


Museu Senzala Negro Liberto – Redenção, Ceará


Situado às margens da CE-060, na entrada do municípios de Redenção, o Sítio Livramento abriga o Museu Senzala Negro Liberto, um canavial, e a unidade de produção da aguardente Douradinha. O sítio foi construído em 1873, pela família Muniz Rodrigues.  
O marco histórico deste engenho é a concessão  de cartas de alforria a todos os negros cativos, em 25 de março de 1883,  cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel.

O museu, criado em 2003, é composto por casa grande, senzala, canavial, a moageira e uma lojinha (Mercado da Sinhá). Este conjunto arquitetônico colonial é original e encontra-se em boas condições de conservação.
Na área, encontram-se a original casa grande dos senhores do engenho, a senzala, o canavial e o antigo maquinário de fabricar a cachaça Douradinha.
A casa grande possui uma característica especial que a diferencia de outras no Brasil. A casa grande e a senzala encontram-se sob o mesmo teto, sendo que a senzala localiza-se no subsolo desta.
Engenho



Outra atração é o Engenho Grande. Neste há uma máquina de moagem de cana-de-açúcar fabricada na Escócia em 1927. Ele ainda funciona entre os meses de agosto a dezembro, produzindo entre 8 a 15 mil litros de caldo de cana por dia para a produção de cachaça e é ainda ecológico, pois funciona a vapor e utiliza o bagaço da cana-de-açúcar como combustível.

Casa Grande


O casarão foi construído no século XVIII.  Abriga móveis antigos do final do século XIX, utensílios antigos, fotos da família Muniz Rodrigues e histórias da época da escravidãoNas salas do casarão são conservados objetos doados ou dos antigos donos.



Um deles é uma peça do século passado que servia para engarrafar a cachaça e colocar a tampa de cortiça. Outras peças históricas são um pilão de pedra e um tabuleiro cristalino pertencente à família de Juvenal de Carvalho, um dos donos do casarão, que era usado para descascar e triturar arroz, milho e café. Existem ainda uma coleção de cédulas antigas da época da abolição e documento de compra e venda de escravos. 

Senzala




A senzala era local de descanso e de castigo dos escravos. Aqui eles eram chicoteados e, como eram muito altos - tinham cerca de 1,80 metro - precisavam ficar deitados. Quanto mais rebeldes, mais no fundo ficavam, um cômodo úmido, mas parecido com um túnel, de teto baixo, com uma única e estreita entrada de ar com grades. 
No cubículo escuro, eram colocados cerca de dez escravos que, quando desobedeciam ou se tornavam rebeldes, eram chicoteados e torturados psicologicamente.





Nos pequenos e escuros cubículos da senzala viviam cerca de 100 escravos. Eles eram obrigados a entrar ali às 18 horas e sair às 6 horas. Dormiam no chão, em cima de esteiras de palha. Em cada cômodo, encontram-se os instrumentos de tortura, como as correntes, algemas e gargalheiras. Essas últimas serviam para prender o escravo na parede pelo pescoço. Tinha até para criança e adolescente.

Qualquer barulho ou conversas entre eles era motivo para serem castigados. Muitos ficavam à noite presos em algemas nas paredes, de braços para cima. Na senzala, também foi conservado o tronco onde os negros ficavam imobilizados e apanhavam com chicotes que tinham lâminas de ferro.  


Quando algum tentava fugir, ficava no tronco durante nove noites, quando era chicoteado e depois recebia um banho de água e sal.  Outro tipo de castigo eram as algemas usadas pelo feitor (administrador da fazenda) para prender os escravos na parede. Eles ficavam de braços para cima, e muitos com os pés sem tocar no chão.

A passagem interna da senzala para a casa grande era por dentro do banheiro do senhor do engenho. Era uma porta forte e estreita e paredes muito largas para que os escravos não invadissem o casarão. Na sala da mucama - escrava jovem que era escolhida para auxiliar nos serviços caseiros -, tinha um janelão onde o senhor do engenho apontava a escolhida e uma porta por onde as preferidas entravam para a casa grande.

O Museu Senzala Negro Liberto fica em Redenção, cerca de 60 km de Fortaleza. 

fonte:
Wikipédia
museu senzala negro liberto

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