Encontro com um otimista

Hoje encontrei um conhecido que é um otimista da mais pura gema.

Reparem no diálogo que trocámos e digam-me se não tenho razão e se conhecem alguém assim.

- Olá pá! Grande sacana! Que é feito de ti?

- Olá. Há quanto tempo! Eu vou bem e tu?

- Na maior pá. Na maior!

- Ótimo. Corre-te então a vida de feição. Nem a crise te afeta?

- A crise? Qual crise? Não há crise nenhuma. Isso é tudo conversa para boi dormir.

- Então e as finanças? A Economia? Os bancos à rasca?

- O quê? Mas por acaso as tuas finanças ficaram de repente pior do que estavam?

- Um pouco. Está tudo mais caro…

-Não é isso pá. O que eu perguntei é se o dinheiro que tinhas junto é agora menos.

-Não, mas…

- Nada de mas. Não é menos, portanto aí não houve crise. E quanto à economia, consegues economizar mais ou menos?

- Não consigo economizar mas é nada.

- Então? De que te queixas? Se não tens nada para economizar que te interessa a ti a economia? Bancos à rasca? Quais? Tens alguma massa em banco que esteja em risco?

- Eu não, mas…

- Então se não, que te interessa a ti que haja bancos à rasca?

- É pá mas já vistes os preços sempre a subir o desemprego sempre a crescer…

- Preços a subir? Quais preços? A gasolina está até a baixar, os carros estão a preço de saldo, os Hipermercados estão a vender cada vez mais. Estás a falar do tabaco? Deixa de fumar pá. Tens o assunto resolvido.

- Mas eu já não fumo há anos.

- Vês?  Qual crise qual carapuça! Desemprego a subir dizes tu? Claro que está a subir. E muito bem diria eu.

- Como…?

- Oh homem! Pensa um bocadinho. Se fores para o desemprego ganhas mais que num qualquer emprego de merda e não tens que fazer a ponta de um corno. Então não há-de haver mais desemprego? Só se a malta fosse parva.

- Não há então crise nenhuma, é a tua opinião?

- Opinião não. Certeza. Repara bem. Quem mais se queixa da crise? Os políticos. Não é?

- Bem, na verdade…

- Agora diz-me lá uma coisa: - Quando é que apanhaste um politico a falar verdade?

- Bem. Visto por esse prisma…

- Então já vês. Qual crise! Crise coisa nenhuma, balelas para adormecer o povaço.

- Está visto que para ti está tudo na maior.

- Tudo não. Porque ando a ver se o banco me dá um crédito para obras lá em casa e os sacanas estão a empatar-me há um ror de meses, com a história da crise. Mas deixa cá apanhar o caroço que eu logo lhes digo. Vão gemer para o verem de volta. Mas de resto, tudo sobre rodas.

- Adeus pá até qualquer dia.

-Adeus. E não te deixes enganar com essa malta de pessimistas, que o que eles querem é tacho.

Vitor Faria