quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Padre Theodoro: o evangelizador e sua bicicleta

Padre Theodoro: o evangelizador sobre duas rodas

FOTOS TATIANA FORTES/ESPECIAL PARA O POVO
A escola Quintino Cunha é a mais antiga em funcionamento no bairro

Poucas imagens permanecem tão vivas na memória dos moradores do bairro Quintino Cunha quanto a de padre Theodoro Kehreus e a inseparável bicicleta. “Quando o padre chegou, nós ficamos animados. Ela era um holandês alto e muito humilde. Nunca andava de carro, só de bicicleta”, relembra a aposenta Imelde Magalhães de Alencar, de 65 anos. Ela acompanhou o trabalho do padre enquanto pároco da Igreja de São Pedro e São Paulo, fundada pela Congregação da Missão (Lazaristas) em 29 de junho de 1970.

O comerciante Gerdal Jansen, 38, até brinca: “o tanto que ele andou de bicicleta acho que dava pra ir e voltar da Europa umas duas vezes”. Tantas pedaladas eram necessárias para atender o Quintino Cunha, os bairros vizinhos e ainda fazer o deslocamento até o Seminário de São Vicente (no bairro Antônio Bezerra), local onde o padre morava.

Segundo dona Imelde, a presença do padre foi muito importante para o Quintino Cunha, um bairro que começava a se formar e sofria com inúmeros problemas de infraestrutura. Uma das ações do padre foi, por exemplo, lutar pela instalação da primeira escola pública, que recebe o mesmo nome do bairro.

O colégio foi fundado em 23 de agosto de 1973. Evento acompanhado pela professora Zildânia Costa, 48, que hoje leciona na escola, onde também já foi vice-diretora. “Eu estava sentada no pátio, tinha até uma banda de música tocando”, recorda.

A escola mais tradicional do Quintino Cunha ainda preserva os pisos de mosaicos e bancos antigos. A foto pendurada na secretaria mostra uma construção sem muros e imóveis na vizinhança. O aspecto bucólico é completado com a presença de uma cabra pastando no local. Zildânia comenta que “há uma tradição na escola, que ainda é conceituada. Ex-alunas, hoje, trazem os filhos (para a aula)”.

Padre Theodoro permaneceu como pároco do bairro até 1987, quando foi substituído. Morreu dez anos depois, deixando boas lembranças para os paroquianos que conviveram com ele.

Patrono
O nome do bairro é inspirado no poeta, advogado, jornalista e deputado estadual José Quintino Cunha (1875-1943) ou, simplesmente, Zé Quintino. O historiador Francisco José Souza, autor do livro biográfico Quintino Cunha (Fundação Demócrito Rocha), descreve o poeta como “um senhor magro, alto, de bigode arrebitado, míope e com uma forte presença de espírito”.

De acordo com o livro, Quintino Cunha ficou famoso pelo jeito bem-humorado. “Ninguém em toda a nossa história encarou o melhor jeito ‘moleque de ser’ cearense que Quintino Cunha… Era conhecido pelos seus chistes espirituosos e ‘tiradas’ desconcertantes”, conta o autor.

Para matar a curiosidade dos nossos leitores, vamos contar um dos “causos” de Quintino registrado no livro. O poeta fez o seguinte cometário sobre as sogras: “Casei três vezes. A primeira sogra foi um cordeiro (era casada com o Coronel Carneiro). A segunda era um anjo! (a sogra do segundo casamento era casada com Mestre Ângelo). Mas a terceira, meus diletos, é uma serpente!”. Em seguida, emendou: “É porque é filha de Cascavel!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita, indique aos amigos.