terça-feira, 10 de setembro de 2013

Dom João VI e seus medos



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Escrito por Laís Duarte


Ele nasceu João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís Antônio Domingos Rafael de Bragança, mas entrou para a história como dom João 6º , o último monarca absoluto de Portugal e o único do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves. E pensar que chegou ao poder por acaso: a mãe enlouquecera e o irmão mais velho, natural sucessor, morrera de varíola.

Dom João chegou ao Brasil em 1808. Veio de mala, cuia e corte, fugindo das tropas de Napoleão Bonaparte. Os súditos fizeram festa para receber a majestade, mas, só depois de instalada a família real, descobriram que o rei, como qualquer mortal, não era desprovido de medos. Houve quem o descrevesse como um homem de olhos assustados, inseguros.

Em uma ocasião, a alteza apresentou sintomas de inflamação e febre causadas por uma picada de carrapato. Os médicos prescreveram banhos de mar para a cicatrização. Com medo de ser atacado por siris ou caranguejos, dom João ordenou a construção de uma Banheira especial, feita de madeira, à prova de mordidas. Sentava-se dentro da caixa, suspensa por escravos, e a miraculosa água salgada entrava por pequenos furos, garantindo o banho real e o tratamento da ferida.

Outra preocupação eram as tempestades. O som dos trovões tirava-lhe o sono. Nas noites de chuva, tratava de esconder-se, vigiado de perto pelo roupeiro. Nos aposentos iluminados por muitas velas, monarca e servo se uniam em oração a são Jerônimo e santa Bárbara. As preces só cessavam quando relâmpagos e trovoadas davam sossego.

De passear pelas ruas do Rio de Janeiro nos fins de tarde, o rei gostava. O historiador Tobias Monteiro conta que no aparato obrigatório para as andanças estava um banheiro portátil. Lá pelas tantas, o monarca ordenava, um criado preparava o equipamento. “O rei descia da carruagem e dele se aproximava o camarista, que lhe desabotoava os calções”, narra o historiador. Onde quer que estivesse, na frente de súditos, oficiais ou membros da corte, dom João sentava-se no vaso sanitário. Satisfeitas as necessidades, o passeio prosseguia, regado à muita comida e bebida.

Em 1821 dom João se despediu do Brasil. Partiu do porto do Rio deixando para trás um lugar bem diferente do que encontrara. O País tinha agora unidade política e territorial, comércio pujante, universidades e importantes bibliotecas. Intimidades à parte, o rei com fama de fraco ajudou a moldar a corajosa identidade nacional.
Fonte: www.almanaquebrasil.com.br

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