Pelo menos 74 prefeitos cearenses estão desrespeitando
a lei gastando mais do que o permitido para o pagamento de servidores. Eles
atribuem o peso excessivo da folha de pagamento nas receitas à queda de repasses
do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Com medo de não fecharem o caixa
e serem enquadrados como “fichas sujas”, gestores estão demitindo diversos
servidores e promovendo cortes em convênios e contratos.
A informação é de levantamento do O
POVO com base em relatórios do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
De acordo com os documentos, em 74 municípios os gastos com a folha ultrapassam
54% das receitas totais - limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Outros 66
municípios estão em estágio de “alerta”, entre 50% e 54%, o que impossibilita a
criação de cargos. Apenas 44 gestões são consideradas regulares, abaixo de 40%.
Como gastos com terceirizados não são incluídos como despesas de pessoal, o
número de irregulares pode ser ainda maior.
“O relatório é feito para que o prefeito fique
ciente e se regularize. Caso ele mantenha a irregularidade ao final do ano, ele
terá sua conta automaticamente desaprovada”, afirma Francisco Aguiar, presidente
do TCM. Segundo ele, o alto número de irregulares pode ser explicado pelo
acúmulo de servidores entre uma gestão e outra. “Às vezes ele entra e já recebe
um quantitativo exagerado de funcionários da gestão anterior”, avalia.
Já o consultor econômico da Associação de
Prefeitos do Ceará (Aprece), Irineu de Carvalho, explica que o peso da folha
cresceu porque as receitas totais dos municípios caíram - fruto da queda do FPM.
“Os repasses caíram, mas o salário mínimo continua aumentando. Então acaba
criando situação de crise”.
Vice-presidente da Aprece, o prefeito de Piquet
Carneiro, Expedito do Nascimento, afirma que prefeitos irão hoje a Brasília
exigir aumento nos repasses federais. “Com renúncias de receita do ano passado,
tivemos quedas. Hoje não tem nenhum prefeito que não esteja em situação
difícil”.
Por conta da proximidade do fim do ano,
diversas gestões correm contra o tempo e promovem uma série de demissões e
cortes em contratos. Mesmo figurando entre os poucos em situação regular, o
prefeito de Tejuçuoca, Valmar Bernardo (PDT), diz que deve reduzir a folha em
300 funcionários.
O POVO
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