
Bicho-de-sete-cabeças
Tem origem na mitologia grega, mais precisamente na lenda
da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que, ao serem cortadas, renasciam.
Matar este animal foi uma das doze proezas realizadas por Hércules. A expressão
ficou popularmente conhecida, no entanto, por representar a atitude exagerada de
alguém que, diante de uma dificuldade, coloca limites à realização da tarefa,
até mesmo por falta de disposição para enfrentá-la.
Com o rei na barriga
A expressão provém do tempo da monarquia em que as
rainhas, quando grávidas do soberano, passavam a ser tratadas com deferência
especial, pois iriam aumentar a prole real e, por vezes, dar herdeiros ao trono,
mesmo quando bastardos. Em nossos dias refere-se a uma pessoa que dá muita
importância a si mesma.
Ver (ou adivinhar) passarinho verde
Significa estar apaixonado. O passarinho em questão é uma
espécie de periquito verde. Conta uma lenda que alguns românticos rapazes do
século passado adestravam o bichinho para que ele levasse no bico uma carta de
amor para a namorada. Assim, o casal de apaixonados tinha grandes chances de
burlar a vigilância de um paizão ranzinza.
Com a corda toda
Antigamente, os brinquedos que possuíam movimento eram
acionados torcendo um mecanismo em forma de mola ou um elástico, que ao ser
distendido, fazia o brinquedo se mexer. Ambos os mecanismos eram chamados de
"corda". Logo, quando se dava "corda" totalmente num brinquedo, ele movia-se de
forma mais agitada e frenética. Daí a origem da expressão.
Favas contadas
De acordo com o pesquisador Câmara Cascudo, antigamente,
votavam-se com as favas brancas e pretas, significando sim ou não. Cada votante
colocava o voto, ou seja, a fava, na urna. Depois vinha a apuração pela contagem
dos grãos, sendo que quem tivesse o maior número de favas brancas estaria
eleito. Atualmente, significa coisa certa, negócio seguro.
Fazer ouvidos de mercador
Orlando Neves, autor do Dicionário das Origens das Frases
Feitas, diz que a palavra mercador é uma corruptela de marcador, nome que se
dava ao carrasco que marcava os ladrões com ferro em brasa, indiferente aos seus
gritos de dor. No caso, fazer ouvidos de mercador é uma alusão a atitude desse
algoz, sempre surdo às súplicas de suas vítimas.
Tapar o sol com a peneira
Peneira é um instrumento circular de madeira com o fundo
em trama de metal, seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra substância
moída. Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é inglória, uma vez que o
objecto é permeável à luz. A expressão teria nascido dessa constatação,
significando atualmente um esforço mal sucedido para ocultar uma asneira ou
negar uma evidência.
O pomo da discórdia
A lendária Guerra de Tróia começou numa festa dos deuses
do Olimpo: Éris, a deusa da Discórdia, que naturalmente não tinha sido
convidada, resolveu acabar com a alegria reinante e lançou por sobre o muro uma
linda maçã, toda de ouro, com a inscrição “à mais bela”.
Como as três deusas mais
poderosas: Hera, Afrodite e Atena disputavam o troféu, Zeus passou a espinhosa
função de julgar para Páris, filho do rei de Tróia. O príncipe concedeu o título
a Afrodite em troca do amor de Helena, casada com o rei de Esparta.
A rainha fugiu com Páris
para Tróia, os gregos marcharam contra os troianos e a famosa maçã passou a ser
conhecida como "o pomo da discórdia" – que hoje indica qualquer coisa que leve
as pessoas a brigar entre si.
Afogar o ganso
No passado, os chineses costumavam satisfazer as suas
necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam
a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima. Daí a
origem da expressão, que se refere a um homem que está precisando fazer
sexo.
Ave de mau agouro
Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a
sua presença, anuncia desgraças. O conhecimento do futuro é uma das preocupações
inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar
obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Na
antiga Roma, a predição dos bons ou maus acontecimentos (Avis spicium, em Latim)
era feita através da leitura do vôo ou canto das aves. Os pássaros mais usado
para isso eram a águia, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura,
popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.
Santinha do pau oco
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha,
mas não é. Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e
pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era
“recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.
Mais vale um pássaro na mão que dois
voando
Significa que é melhor ter pouco que ambicionar muito e
perder tudo. É tradição de antigos caçadores. Eles achavam melhor apanhar logo a
ave que tinham atingido de raspão, antes que ela fugisse, do que tentar atirar
nas que estavam voando e errar o alvo.
Sangria desatada
Diz-se de qualquer coisa que requer uma solução ou
realização imediata. Esta expressão teve origem nas guerras, onde se verificava
a necessidade de cuidados especiais com os soldados feridos. É que, se por
qualquer motivo, se desprendesse a atadura posta sobre as feridas, o soldado
morreria, por perder muito sangue.
Colocar panos quentes
Significa favorecer ou acobertar coisa errada feita por
outro. Em termos terapêuticos, colocar panos quentes é uma receita, embora
paliativa, prescrita pela medicina popular desde tempos remotos. Recomenda-se
sobretudo nos estados febris, pois a temperatura muito elevada pode levar a
convulsões e a problemas daí decorrentes. Nesses casos, compressas de panos
encharcados com água quente são um santo remédio. A sudorese resultante faz
baixar a febre.
Pagar o pato
A expressão deriva de um antigo jogo praticado em
Portugal. Amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria
passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que
pagava pelo animal sacrificado. Sendo assim, passou-se a empregar a expressão
para representar situações onde se paga por algo sem ter qualquer benefício em
troca.
De pequenino é que se torce o pepino
Os agricultores que cultivam os pepinos precisam de dar a
melhor forma a estas plantas. Retiram uns “olhinhos” para que os pepinos se
desenvolvam. Se não for feita esta pequena poda, os pepinos não crescem da
melhor maneira porque criam uma rama sem valor e adquirem um gosto desagradável.
Assim como é necessário dar a melhor forma aos pepinos, também é preciso moldar
o caráter das crianças o mais cedo possível.
Salvo pelo gongo
O ditado tem origem na na Inglaterra. Lá, antigamente,
não havia espaço para enterrar todos os mortos. Então, os caixões eram abertos,
os ossos tirados e encaminhados para o ossário e o túmulo era utilizado para
outro infeliz. Só que, às vezes, ao abrir os caixões,os coveiros
percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que
aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na
época).
Assim, surgiu a ideia de, ao
fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava
por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém
ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse,
o movimento do braço faria o sino tocar. Desse modo, ele seria salvo pelo gongo.
Atualmente, a expressão significa escapar de se meter
numa encrenca por uma fração de
segundos.
Elefante branco
A expressão vem de um costume do antigo reino de Sião,
situado na atual Tailândia, que consistia no gesto do rei de dar um elefante
branco aos cortesãos que caíam em desgraça. Sendo um animal sagrado, não
podia ser posto a trabalhar. Como presente do próprio rei, não podia ser
vendido. Matá-lo, então, nem pensar. Não podendo também ser
recusado, restava ao infeliz agraciado alimentá-lo, acomodá-lo e criá-lo com
luxo, sem nada obter de todos esses cuidados e despesas. Daí o ditado significar algo
que se tem ou que se construiu, mas que não serva para nada.
Comer com os olhos
Soberanos da África Ocidental não consentiam testemunhas
às suas refeições. Comiam sozinhos. Na Roma Antiga, uma
cerimônia religiosa fúnebre consistia num banquete oferecido aos deuses em que
ninguém tocava na comida. Apenas olhavam, “comendo com os olhos”.
A
propósito, o pesquisador Câmara Cascudo diz que certos olhares absorvem a
substância vital dos alimentos. Hoje o ditado significa apreciar de longe, sem
tocar.
Amigo da onça
Segundo estudiosos da língua portuguesa, este termo
surgiu a partir de uma história curiosa. Conta-se que um caçador
mentiroso, ao ser surpreendido, sem armas, por uma onça, deu um grito tão forte
que o animal fugiu apavorado. Como quem o ouvia não acreditou, dizendo que , se
assim fosse, ele teria sido devorado, o caçador, indignado, perguntou se,
afinal, o interlocutor era seu amigo ou amigo da onça. Atualmente, o ditado
significa amigo falso, hipócrita.
Estar com a corda no pescoço
O enforcamento foi, e ainda é em alguns países, um meio
de aplicação da pena de morte. A metáfora nasceu de anistias ou comutações de
pena chegadas à última hora, quando o condenado já estava prestes a ser
executado e o carrasco já lhe tinha posto a corda no pescoço, situação que, de
fato, é um sufoco. Hoje, o ditado significa estar ameaçado, sob pressão ou
com problemas financeiros.
Como sardinha em lata
A palavra sardinha vem do latim sardina. Designa o peixe
abundante na Sardenha, conhecida região da Itália. É um alimento apreciado e
nutritivo, de sabor bem peculiar. As sardinhas, quando
enlatadas em óleo ou em outro molho, vêm coladas umas às outras. Por analogia,
usa-se a expressão popular sardinha em lata para designar a superlotação de
veículos de transporte público.
O pior cego é o que não quer ver
Em 1647, em Nimes, na França, na universidade local, o
doutor Vicent de Paul D’Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um
aldeão de nome Angel.
Foi um sucesso da medicina
da época, menos para Angel, que assim que passou a enxergar ficou horrorizado
com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imagina era muito melhor. Pediu
ao cirurgião que arrancasse seus olhos.
O caso foi acabar no
tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história
como o cego que não quis ver. Atualmente, o ditado se refere a a alguém que se nega a
admitir um fato
verdadeiro.
Casa de mãe Joana
Este dito popular tem origem na Itália. Joana, rainha de
Nápoles e condessa de Provença (1326-1382), liberou os bordéis em Avignon, onde
estava refugiada, e mandou escrever nos estatutos: “Que tenha uma porta por onde
todos entrarão”.
O lugar ficou conhecido como Paço de Mãe Joana, em
Portugal. Ao vir para o Brasil a expressão virou “Casa da Mãe Joana”. A outra
expressão envolvendo Mãe Joana, um tanto chula, tem a mesma origem,
naturalmente.
Onde judas perdeu as botas
Como todos sabem, depois de trair Jesus e receber 30
dinheiros, Judas caiu em depressão e culpa, vindo a se suicidar enforcando-se
numa árvore.
Acontece que ele se matou
sem as botas. E os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo os soldados
partiram em busca as botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro.
A história é omissa daí pra
frente. Nunca saberemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão
atravessou vinte séculos. Atualmente, o ditado significa lugar distante,
inacessível.
Quem não tem cão caça com gato
Significado: Se você não pode fazer algo de uma maneira,
se vira e faz de outra.
Histórico: Na verdade, a expressão, com o passar dos
anos, se adulterou. Inicialmente se dizia “quem não tem cão caça como gato”, ou
seja, se esgueirando, astutamente, traiçoeiramente, como fazem os
gatos.
Da pá virada
Significado: Um sujeito da pá virada pode tanto ser um
aventureiro corajoso como um vadio.
Histórico: a origem da
palavra é em relação ao instrumento, a pá. Quando ela está virada para baixo, é
inútil não serve para nada. Hoje em dia, “pá virada” tem outro sentido.
Refere-se a uma pessoa de maus instintos e criadora de casos ou a um
aventureiro.
Fonte:
Fonte: CASCUDO,
Luís da Câmara. Locuções Tradicionais no Brasil. São Paulo, Editora Global
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