domingo, 2 de fevereiro de 2014

Rua Eudásio Barroso...História



RUA EUDÁSIO BARROSO –  Centro. Com início na rua Francisco Enéas de Lima, seguindo em direção leste oeste, passando pelo bairro Planalto Universitário, até a rua Argemiro Vieira. Denominada através da Lei Nº 1.043, de 26.11.1981, registrada no livro Nº 8 de Câmara Municipal, proposição do vereador Hemetério Bandeira de Melo, sancionada pelo Prefeito Renato de Araújo Carneiro.
ANASTÁCIO EUDÁSIO BARROSO – Nasceu em Itapipoca, estado do Ceará, no dia 27 de julho de 1921, filho de Hidelberto Barroso (Deputado  Constituinte em 1947) e Maria Odete Barroso
Iniciou os estudos no Grupo Anastácio Braga, em Itapipoca. Em Fortaleza concluiu o curso ginasial e cientifico no Liceu do Ceará.
Em 1947, formou-se em medicina na Faculdade do Brasil, no Rio de Janeiro. Especializou-se em tiso-pneumologia e, posteriormente, em clínica cirúrgica. Com o nobre ideal de servir, decidido desempenhar a profissão a que jurou dedicar-se com responsabilidade e honestidade, chegou a Quixadá, em 1948. 
A timidez natural de quem chega, por ser desconhecido, sem saber a receptividade dos moradores da cidade, logo se dissipou. Como ali chegava um espírito iluminado, que a sabedoria Divina mandou para o cumprimento da importante missão de amparo e proteção aos pobres desamparados, Eudásio Barroso foi recebido com o abraço acolhedor da cruz salvadora, postada no monólito gigantesco existente no centro da cidade.
Aquele abraço representou uma mensagem de afeto que toda Quixadá demonstrava ao benfeitor, que acabara de chegar. Através daquela cruz, desceu a força misteriosa do Divino Espírito Santo, para guiar os passos de Eudásio Barroso, figura humanitária, que escondia a sua capacidade profissional e espírito caritativo, numa humildade que somente os mensageiros da paz e do amor são capazes de possuir.
Homem simples, com extraordinário espírito de doação, sem nada exigir em troca dos benefícios que prestava à comunidade quixadaense, Dr. Eudásio conquistou a confiança, simpatia e o afeto de todas as classes sociais da cidade.
A primeira demonstração de confiança recebida em Quixadá foi dada pelo Prefeito Hermínio Dinelly, nomeando-o,  em 26 de março de 1952, para exercer, em caráter efetivo, o cargo de Médico do Serviço de Higiene Municipal.
Casou-se, em Fortaleza com Maria Dolores Capelo Barroso. Do enlace matrimonial nasceram cinco filhos: Odúlia Capelo Barroso, socióloga; Fernanda Capelo Barroso, médica; Dolores Capelo Barroso, normalista; Maria Amélia Capelo Barroso, odontóloga e Anastácio Capelo Barroso, advogado. 
Foi eleito prefeito de Quixadá para o período de 25.03.1955 a 25.03.1959. Três candidatos disputaram a sucessão de Hermínio Dinelly na Prefeitura Municipal de Quixadá: José Forte Magalhães, Antonino Fontenelle e Anastácio Eudásio Barroso.  Apesar da  intensa e vibrante campanha eleitoral, os comícios realizavam-se num verdadeiro clima democrático, sem agressões pessoais, pois os candidatos levaram ao palanque, não apenas seus projetos de Governo, mas também a convivência fraterna que unia os três. Afinal eram  cidadãos de conduta ilibada, de grande conceito na sociedade quixadaense, cordatos e que jamais permitiram que o nível da campanha se constituísse na baixaria de ataques pessoais.
A diplomação do novo chefe do Executivo Municipal de Quixadá aconteceu em 28 de novembro de 1954. A cerimônia realizou-se nas dependências do Cine Yara e foi presidida pelo Juiz eleitoral, Dr. José Agostinho Filho.
A convite do Juiz, a mesa foi constituída pelo engenheiro quixadaense, Dr. Paulo Segundo da  Costa, pelo agrônomo Dr. Clóvis Meneses Fontenelle e o industrial Francisco Sila Pinheiro. O promotor de Justiça, Dr. José Maria de Oliveira, usou da palavra, parabenizando a todos que se envolveram na campanha pelo espírito democrático revelado, desejando, ao prefeito eleito, uma boa administração.  Em nome dos vereadores da nova câmara, falou o Sr. José Linhares da Páscoa, prometendo total apoio ao Prefeito, a fim de que pudesse fazer um governo de progresso para Quixadá.
Governou Quixadá com serenidade, não se registrou, em sua administração, qualquer espécie de perseguição política. Pôs em prática um programa de governo com destaque na área da saúde, onde,  pessoalmente, deu assistência aos menos favorecidos, o que aliás já vinha fazendo há anos em Quixadá, como médico humanitário  que era.
Queridíssimo pela sua simplicidade como cidadão e pelos serviços prestados como médico, especialmente aos mais carentes, mesmo não tendo sido um  prefeito dinâmico, jamais sofreu qualquer pressão por parte de seus munícipes. Igual comportamento teve a Câmara Municipal, que aprovou as suas contas sem qualquer restrição, julgando correta a aplicação dos limitados recursos do município  e ainda elogiando a conduta ilibada do Dr. Eudásio, que se portou  com a honestidade que deve nortear um autêntico cidadão na administração do dinheiro público.
Como representante de Quixadá, foi eleito Deputado Estadual para o período de 25.03.1963 a 25.03.197l, correspondente a duas legislaturas, com expressiva votação em nossa cidade, o que provou o carinho que o quixadaense sempre dedicou ao querido médico. Nascido em Itapipoca, conquistou o direito de ser quixadaense, num título outorgado pelo coração de seus conterrâneos, em reconhecimento por tudo que fez por nossa Quixadá.
Quando foi morar em Fortaleza, por conveniência da família, principalmente pelo estudo dos filhos, Eudásio Barroso levou de Quixadá apenas os seus instrumentos de trabalho e deixou, como patrimônio, a modesta casa em que morava.
Mesmo residindo na Capital cearense, foi respeitado, estimado e sempre lembrado pelos quixadaenses até os seus últimos dias de vida. Tanto assim que, no seu falecimento inesperado, ocorrido, em Fortaleza, nas últimas horas do dia 23 de julho de 1981, o então Prefeito Municipal, Sr.  Renato de Araújo Carneiro, através do Decreto n.º 07/81, de 24.7.1981, decretou luto oficial em Quixadá, por três dias.  No artigo 1.º do referido decreto estabelecia: “Tendo em vista o lamentável acontecimento ocorrido, na noite de ontem, em Fortaleza, Capital do Estado do Ceará, com o falecimento do médico, Dr. Anastácio Eudásio Barroso, decreto luto oficial por três (3) dias.”
Cirurgião de competência inquestionável, só via à sua frente o paciente que necessitava de seu trabalho profissional. Centenas  de cirurgias executou no Hospital e Maternidade Jesus, Maria e José, onde o estimado médico prestou inestimáveis serviços e acolheu, com dedicação, desvelo e amor mães pobres e pessoas de todas as camadas sociais de Quixadá. Nessa prestação de serviço Eudásio Barroso não visava interesse pecuniário, tanto assim que morreu sem deixar bens materiais, mas permaneceu, entre nós, a sua figura amável, humilde, prestativa e caridosa que ficará indelével na história de Quixadá.
Fonte: Livro Ruas que contam a história de Quixadá - João Eudes Costa


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