quinta-feira, 8 de maio de 2014

O mais excêntrico de todos nasceu no Ceará


As excentricidades dos poetas são conhecidas no mundo todo. Há um poeta cearense, no entanto, que se destaca neste quesito. Chama-se Raimundo Varão. Contam os cronistas do início do século XX que o poeta não dava muito valor à higiene, mas, antes de pegar em um livro, fosse ele qual fosse, lavava as mãos. E mais um detalhe. Podia andar sujo e mal lavado, os livros que possuía, entretanto, eram todos eles impecáveis. Não havia um deles que possuísse um risco quanto mais uma mancha em seu interior ou em sua capa.
Acostumado a andar sujo e mal vestido, houve um dia em que resolveu tomar banho. A novidade foi grande. Curiosos com aquilo, os amigos quiseram saber por que e descobriram o motivo. O autor de “Mademoiselle Íbis” e “Visão Noturna” estava apaixonado. Assim, resolveu não só tomar banho. Queria mudar de roupas, também, e assim foi feito.
A casa onde o poeta morava neste tempo, portanto, que ficava na Rua Formosa, atual Barão do Rio Branco, ficou apinhada. Muitos eram os amigos (e até inimigos, quem sabe) que queriam acompanhar aquela transformação. Depois do banho, Raimundo Varão virou um gentleman. Afinal, não era feio. Conta Otacílio de Azevedo em “Fortaleza Descalça” que, como tinha “perfil grego” era, de fato, bastante elegante.
A elegância do poeta, infelizmente, durou pouco. Como a mulher amada não correspondeu às suas expectativas, voltou à vida desleixada de sempre e, como resultado disso, andava sempre com as mãos para trás levando, entre elas, um atlas de grandes dimensões que nunca foi aberto por ele. Depois se soube que aquele atlas tinha uma função. A intenção do poeta era a de esconder, das pessoas, os fundilhos de suas calças que, segundo Otacílio, estavam “em petição de miséria”. O atlas servia, também, para o poeta se sentar sobre ele fosse lá onde fosse. Outra mania do poeta era a de criar um sapo dourado na casa onde vivia. Há quem diga que era desta água, inclusive, que bebia e não comia outra coisa que não fosse biscoito. Quando se aventurou a comer carne seca assada com farinha d’água e cebolas quase morre. Sofreu uma indigestão.
A última excentricidade do poeta ocorreu no Rio de Janeiro. Encantado com a Cidade Maravilhosa teve a felicidade, ainda, de ganhar na loteria. Assim, montou uma camisaria. Mas durou pouco tempo a felicidade. Revoltado com o fato de ter que abrir a loja todo dia e ficar por trás de um balcão, tomou uma decisão drástica: fechou as portas da loja e foi para a rua distribuir as camisas, de graça, para as pessoas. Depois disso desapareceu e ninguém nunca mais teve notícias dele.

Outro Excêntrico
Visitando Quintino Cunha, certa vez, Otacílio de Azevedo se deparou com uma menina linda e loura que saía da casa dele. Impressionado com aquilo, perguntou ao poeta, brincando, se aquela menina era filha da Holanda. Quintino disse que sim. Achando que o autor de “Solimões” estava ironizando, Otacílio ficou envergonhado. Percebendo o embaraço do amigo, Quintino se voltou para dentro de casa e gritou: “Holanda!” “Oh Holanda!” Daí a instantes, apareceu a mulher do poeta que, de fato, se chamava Holanda.


Fonte:http://www.oestadoce.com.br/noticia/o-mais-excentrico-de-todos-nasceu-no-ceara

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