sexta-feira, 22 de agosto de 2014

63 toneladas de lixo são recolhidas por dia no Centro de Fortaleza

Lixo

Um dos pontos de acúmulo de lixo no Centro da cidade está na Rua José Gomes de Moura, onde lixo orgânico mistura-se a restos de poda, entulhos, plásticos, vidros e qualquer outro tipo de sujeira
Foto: José Leomar
Pela grande quantidade de pessoas, casas, comércios e serviços, o Centro de Fortaleza não poderia deixar de ser a região da cidade com maior produção diária de lixo. Ao todo, com exceção de bares, restaurantes e outros grandes geradores, cuja coleta é realizada separadamente, 63 toneladas de resíduos são recolhidas por dia no bairro. Boa parcela desse montante, no entanto, não vem da varrição nem da coleta domiciliar, mas sim dos pontos de acúmulo espalhados pela área. A Prefeitura sabe da existência de 72 locais de disposição irregular, resultados da falta de conscientização ambiental da população e do trabalho de fiscalização ainda insuficiente.
Basta um breve giro pela região para flagrar as rampas de lixo depositado de forma ilegal e sem pudor por comerciantes, moradores e transeuntes. Nas ruas Gonçalves Ledo, José Gomes de Moura e Floriano Peixoto, por exemplo, os pontos já são conhecidos e foram registrados pela reportagem na manhã de ontem. Nos três lugares, lixo orgânico mistura-se a restos de poda, entulhos, plásticos, vidros e qualquer outro tipo de sujeira. O problema, conforme Juliana Segundo, coordenadora de Políticas Urbanas da Secretária Regional do Centro (Sercefor), é o principal agravante da poluição no bairro.
"Esses pontos de acúmulo são nossa maior dificuldade. Além de ser esteticamente ruim, traz mau cheiro, insetos. Os próprios lojistas e as pessoas que vivem na região colocam lixo nesses lugares, muitas vezes por não saber esperar o caminhão da coleta passar. Os pontos que conhecemos são cadastrados porque, como sabemos que existem, temos que enviar uma caçamba para recolher o que tiver lá", afirma a coordenadora.
Ela explica que as ruas menos movimentadas ou que possuem grandes muros, terrenos abandonados e passeios danificados são os locais com maior incidência dos depósitos irregulares. Conforme Juliana, vias em precárias condições de conservação acabam se tornando incentivo ao descarte inadequado de lixo. "Quando existe uma calçada com buracos, um muro com pichações ou imóvel abandonado, o ponto é criado com mais facilidade. É tanto que, quando a gente ajeita, deixa tudo arrumado, não fazem mais", diz.
Monitoramento
Na tentativa de coibir a formação das rampas de lixo, a Sercefor criou, no ano passado, 25 auxiliares de limpeza urbana, responsáveis por monitorar os pontos de acúmulo em nove áreas do Centro, evitando que resíduos sejam descartados e alertando o órgão sobre a necessidade de enviar um caminhão para fazer a coleta no local. Algumas da regiões fiscalizadas são as ruas Assunção, Clarindo de Queiroz e Liberato Barroso, e as avenidas Duque de Caxias, Domingos Olímpio e Imperador. Dentre os fiscais, dez são chamados ciclomonitores, vistoriando a área em bicicletas.
Mas, segundo Juliana, mesmo com a presença dos auxiliares, a falta de conscientização da população impede que os pontos sejam erradicados. Muitos deles, de acordo com a coordenadora, são extintos por alguns dias, mas diante da pouca quantidade profissionais para fazer o trabalho, outros depósitos começam a se formar em lugares diferentes. "Nos últimos anos, a quantidade de pontos se manteve a mesma porque nós resolvemos um, mas as pessoas vão atrás de outro. Com esse trabalho, pelo menos durante o dia, tem melhorado", alega.
Segundo a Sercefor, hoje existem 150 garis que executam a varrição no Centro da cidade diariamente em três turnos. A coleta de lixo é realizada também todos os dias no chamado Centrão, região localizada entre as avenidas Duque de Caxias, Imperador, Dom Manuel e Leste-Oeste. No restante do bairro, o recolhimento é feito às segundas, quartas e sextas-feiras. Por lei, os grandes geradores - restaurantes, lanchonetes - devem contratar empresas de coleta separadamente.
Para o descarte de lixo, são disponibilizados 570 lixeiras de concreto e 74 papeleiras. Na visão de Juliana Segundo, a quantidade de ações de limpeza é suficiente, mas o desrespeito de moradores e comerciantes dificulta o trabalho. "Existe a cultura de jogar tudo no chão e não na lixeira. Às vezes, o gari está varrendo e a pessoa joga o lixo nos pés dele. Por isso, estamos investindo em campanhas educativas. Do ano passado para cá, nossas equipes realizaram mais de mil ações em casas e estabelecimentos", destaca.
Limpa Brasil chegará à Capital
Pela primeira vez desde que foi criado, o Movimento Limpa Brasil, iniciativa mundial de cidadania e cuidado com o meio-ambiente, chegará a Fortaleza com o objetivo de promover a conscientização sobre a limpeza urbana. O projeto, que pretende incentivar a mudança de atitudes em relação ao descarte de lixo na cidade, já passou por 20 cidades nos últimos três anos e deve ser posto em prática na Capital no mês de setembro, conforme a Secretaria de Conservação e Serviços Públicos.
A programação da campanha envolverá ações educativas e um grande dia de coleta de lixo, em que serão disponibilizados mais de 20 pontos de recolhimento por toda a cidade onde a população poderá deixar material reciclável. A participação dos fortalezenses poderá acontecer tanto em nível domiciliar, separando os resíduos para coleta, como na destinação do conteúdo. Outro intuito do projeto é estabelecer a cultura da reciclagem no Brasil.
O movimento Limpa Brasil- Let's do it! surgiu na Estônia em 2008 e, desde então, já percorreu mais de 140 países no mundo inteiro. A mobilização conta com cooperação da Unesco, Ministério da Educação e apoio do Ministério do Meio Ambiente. O lançamento da campanha acontece nesta sexta-feira (22), no Paço Municipal.
Lixo Zero
No Rio de Janeiro, após a implantação do programa Lixo Zero pela Prefeitura, feita há um ano, houve redução de 22 mil toneladas de lixo coletadas nas regiões cobertas pela iniciativa.
O programa dá efetividade à Lei de Limpeza Urbana daquele município e garante a presença de fiscais nas ruas, que podem aplicar multas de R$ 106 a R$ 3,4 mil a quem é flagrado jogando lixo no chão.
Vanessa Madeira
Repórter DN

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