A história do “Schindler britânico” era um segredo até o fim dos anos 1980, quando a mulher descobriu seu diário. Nesta semana, ele, que hoje tem 105 anos, foi condecorado na República Tcheca com a mais alta honraria do país _a Ordem do Leão Branco.
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Nicholas Winton em seu aniversário de 105 anos; crédito: Divulgação
"Quero agradecer a todos vocês por essa tremenda expressão de agradecimento por algo que aconteceu comigo há quase 100 anos", disse. "Fico muito contente que algumas das crianças ainda estejam aqui para me agradecer."
"Eu agradeço aos britânicos por dar uma casa para eles, por aceitá-los e, claro, a enorme ajuda dada por muitos tchecos que fizerem o que puderam para lutar contra os alemães e tentar tirar as crianças do país", declarou.
Na época do resgate, Nicholas era corretor de ações em Londres. Como sabia o que ocorria na Alemanha porque havia conversado com refugiados, decidiu agir.
Organizou o transporte e voltou à Inglaterra para convencer o Home Office (departamento de imigração) a abrir as portas para as crianças. Para cada uma, ele tinha que encontrar pais e pagar uma taxa de 50 libras. Também tinha que conseguir dinheiro para pagar o trem, já que a família dos meninos e meninas não tinha como cobrir os custos.
Nicholas lotou oito trens com crianças antes de a Segunda Guerra Mundial começar. Havia um nono trem com 250 crianças, com partida programada para 3 de setembro de 1939. Nesse dia, no entanto, a Grã-Bretanha anunciou sua entrada na guerra _e o trem não saiu da estação em Praga.
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Nicholas Winton com a vencedora do Prêmio Nobel da Paz Yousafzai; crédito: Divulgação
Ele diz que o trem desapareceu e nenhuma das 250 crianças foi vista novamente. Havia na estação Liverpool Street, em Londres, 250 famílias esperando por meninos e meninas que nunca apareceram.
Em 1998, a rede britânica BBC convidou-o para um programa de TV. Na plateia, sem que Nicholas soubesse, estavam homens e mulheres salvos por ele.