terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Por que as chuvas que alagam a cidade de São Paulo não aliviam a seca?

Apesar de chuvas fortes terem castigado a capital paulista, o nível de água dos reservatórios do sistema Cantareira continua caindo


Nuvens de chuva sobre São Paulo (Foto: Alexandre Mansur)
A temporada de chuvas de verão aparentemente começou. Mas o nível dos reservatórios continua caindo em São Paulo, agravando a crise de água. Ontem, pela primeira vez no ano, caiu uma chuva forte na capital. Chegou a chover 53 mm no Centro. Gerou alagamentos, caos no trânsito, queda de árvores e a bagunça tradicional do verão paulistano - e de outras metrópoles despreparadas para as chuvas que caem há milhares de anos. Mas o nível de água no sistema Cantareira continuou caindo. Foi de 9,3% para 9,2%, aumentando o desespero dos milhões de pessoas que dependem desse abastecimento. O que está acontecendo?
Primeiro, a chuva de verão é desigual. Ela é provocada por nuvens com poucos quilômetros quadrados de área. Dependendo do tamanho da nuvem, chove mais ou menos. Na capital, caiu 53 mm no Centro mas apenas 18 em Parelheiros, ao Sul. Ou 33 mm em Itaquera, na Zona Leste. Na área de captação da Cantareira, foram 22 mm. Para começar, a capital tende a ser mais úmida do que a bacia da Cantareira. Isso porque a metrópole está na beira da Serra do Mar, e recebe mais umidade do oceano. Já a área de captação da Cantareira se estende até o Sul de Minas.
Além disso, mesmo que a água caia nas regiões que formam os rios do sistema Cantareira, nem tudo eleva o nível da superfície dos reservatórios. Como a região foi muito desmatada, o solo está exposto em boa parte da região. Durante a seca, o solo exposto perde a umidade nas camadas superficiais. Se houvesse floresta ali, a vegetação ajudaria a reter a umidade do solo. Do jeito que está, as primeiras chuvas que caem são absorvidas pelo solo rachado, como se ele fosse uma esponja. Será preciso chover muito para encharcar o solo e aí sim a água começar a correr pela superfície e alimentar os rios. São os prejuízos causados pela devastação da Mata Atlântica.
>> Entenda a crise de água em São Paulo
Também é bom lembrar que, mesmo que chova muito neste verão, é pouco provável que a situação se normalize para o ano que vem. Os 12 meses de seca foram tão extraordinários que a região acumulou uma dívida de água equivalente a mais do que um verão chuvoso. Estima-se que se chover dentro da média (o que significa vários temporais desses que alagam a capital), apenas conseguiremos chegar a abril de 2015 com uma situação de desespero parecida com a que chegamos em abril de 2014. Se o verão ficar abaixo da média, será pior ainda.
Fonte:http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/

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