Um tempo atrás, falamos aqui no História sem fim de um certo episódio em que os franceses foram possuídos por uma epidemia de dança no século 16. Algumas pessoas até morreram na ocasião. O caso que você lerá hoje aconteceu bem mais recentemente, nos anos 1960. Mas a doença que se espalhou e contagiou dezenas de pessoas foi tão bizarra quanto a que rolou na França. Trata-se de uma crise de riso.
Tudo começou no dia 30 de janeiro de 1962, na vila Kahasha, na Tanganika (região que hoje é conhecida como Tanzânia, no leste africano). Três meninas que estudavam em um internato ouviram uma piada e começaram a rir. As pessoas em volta das moças também começaram a rir, de tanto que elas estavam rindo. Como a alegria é contagiante, em pouco tempo, dois terços das 159 meninas que estudavam na escola tinham entrado na onda. Mais alguns dias e as mães das meninas, que moravam em vilarejos próximos, começaram a ser “contaminadas” pelo riso: mais de 200 dos 10 mil habitantes da vila Nshamba tiveram os ataques de riso. Curiosamente, segundo estudiosos do evento, apenas mulheres riam sem parar. Sem parar mesmo.
Em algumas pessoas, o riso durava horas; em outras, dias. Houve casos em que pessoas riram sem parar por 16 dias. Autoridades suspeitaram de alguma contaminação tóxica ou um surto de encefalite, mas as duas hipóteses acabaram sendo descartadas. Era só riso, que, por durar muito tempo, acabava acarretando fortes dores, tonturas, problemas respiratórios, e ataques intermitentes de choro.
A situação estava tão incontrolável que mandaram até fechar o colégio e suspender as aulas, para evitar que a risada se espalhasse mais ainda. Quatro meses depois, tentaram abrir de novo o colégio, mas a risada ainda não tinha parado. Já tinha chegado a um ponto que ninguém mais se lembrava da piada original. O motivo da risada era simplesmente a própria risada.
A epidemia só foi contida dois anos após seu início, afetando mais de mil pessoas. Foi preciso colocar os locais infectados em quarentena: enquanto ainda houvesse uma pessoa rindo, ninguém entrava nem saia de lá.
Parece inacreditável demais? Calma, há uma explicação. Ou pelo menos uma boa hipótese. Tudo indica que houve um surto de histeria coletiva. Segundo pesquisadores, a risada é involuntariamente contagiosa, como um bocejo ou o choro. Agora fica bem mais fácil entender por que os seriados norte-americanos incluem aqueles barulhos de risadas ao final de cada piada. O objetivo é contagiar você.
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